São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Duelo dos rebaixados tenta desconto para atrair público MARCELO DAMATO MARCELO DAMATO; RODRIGO BERTOLOTTO
RODRIGO BERTOLOTTO O desânimo é a marca do confronto entre os dois times que foram "pescados" de volta para a Série A do Brasileiro-97. Bragantino e Fluminense foram reincluídos na Série A no dia 20 de junho pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que, de férias, pôs em seu lugar um de seus vices, Nabi Abi Chedid, homem-forte do time de Bragança Paulista. Pelo Fluminense, torcem o sogro de Teixeira, João Havelange, presidente da Fifa, e o diretor-jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes. A partida entre Bragantino e Fluminense não empolga nem mesmo a diretoria do clube paulista. Esperando uma baixa arrecadação, o Bragantino só põe os ingressos à venda hoje. Crianças, mulheres e aposentados vão pagar R$ 5,00, a metade do preço. "O campeonato está começando, e o Fluminense não atrai público. Ainda se fosse o Palmeiras ou o Corinthians... Com sinceridade? Não vai ter mais de 3.000 pessoas aqui no domingo (hoje)", diz Gumercindo Carlos Feliz, administrador do Bragantino desde 1989, quando o clube voltou à primeira divisão paulista (caiu em 1996). A perspectiva de um estádio vazio não está só nas palavras. Um setor das arquibancadas está desativado. Feito com estrutura de metal e assentos de tábua, um espaço de 4,5 mil lugares (25% do total) atrás de um gol está fechado porque as madeiras estão podres. No outro setor metálico, em frente às sociais, torcedores e funcionários municipais colocaram tábuas novas. Mas há problemas. A vistoria do policiamento detectou tábuas soltas e pelo menos uma quebrada em ponta. Resposta do administrador ao pedido de consertos: "Hoje está muito sol". "Hoje" era sexta-feira às 15h. Até para esse policial, o soldado Pereira, o jogo não parecia exigir cuidados. "O Bragantino é quem pede o policiamento. Mas, com 20 homens, está mais do que bom." O campo também não está pronto. "Jogamos 20 sacos de sementes americanas", explica Miranda, o técnico dos juvenis. "Daqui a 20 dias, vai estar uma beleza", acrescenta Gumercindo, que admite que apenas a grama foi reformada, não o piso que está embaixo dela. A situação, a médio prazo, não deve melhorar. O clube responde a 48 ações na Justiça Trabalhista e 12 na Justiça Cível. O Fluminense não está em situação melhor. Só o Sindicato dos Jogadores do Rio tem procuração de 12 ex-jogadores do clube que reclamam salário e prêmios atrasados. O total passa de 20. O maior credor do Flu é o jogador Renato Gaúcho. Diante desse quadro, até a torcida organizada do Bragantino, a Guerreiros do Leão, desanimou. "Vou apoiar o Nabi, que é meu amigo. Mas vai ter pouca gente no estádio", diz Amâncio Rodrigues de Faria, 50, vice-presidente da torcida, um dos que trabalharam na reforma do estádio, por uma semana, das 19h às 23h. "Preferiria que o Bragantino tivesse caído e subido no campo." Texto Anterior: De León, a vítima Próximo Texto: Vestiário do árbitro possui porta para a diretoria Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |