São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Na Trilha do Ouro

GABRIELA MICHELOTTI

Serra da Bocaina já caminho de bandeirantes e guarda 110 mil hectares de mata intacta
A 1.800 metros de altura e a 269 km de São Paulo, a Serra da Bocaina possui uma das maiores áreas de Mata Atlântica preservada do país. São 110 mil hectares de mata intacta, com abundância de ipês e jacarandás, além de vegetação de serras, como cedros e araucárias.
Os visitantes com sorte poderão ver onças, coelhos, lobos-guará, macacos e araras pelas várias trilhas que cortam a mata, algumas delas feitas no século 19, quando buscava-se ouro na região.
A preservação da mata é controlada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que enfrenta a devastação dos palmiteiros do litoral, que avançam na serra, e de incêndios, como o ocorrido em 1994, que queimou 3.000 hectares.
O acesso é restrito a turistas, que devem pedir permissão para o Ibama para visitar o parque.
Os trekkers bem treinados podem andar até três dias por trilhas do parque até chegar do outro lado da serra, em Parati. Algumas dessas trilhas datam do século 18, como a Trilha do Ouro. Ela era usada como escoadouro do ouro retirado de Minas Gerais e transportado até os portos do litoral (São Sebastião, Rio de Janeiro).
Visitar as cachoeiras mais famosas é obrigatório, como Marrecas e Posses. A cachoeira do Veado, considerada a mais bonita da região, está a quatro horas a pé da pousada Vale dos Veados, a única hospedagem dentro do parque. Outras foram feitas por bandeirantes, que passaram por lá no século 17 e fundaram Taubaté.
Para quem preferir visitar o parque de carro, só veículos com tração nas quatro rodas enfrentam as estradinhas.
A viagem pode começar em São José do Barreiro, no sopé da serra (Vale do Paraíba), região que ficou rica no século 19 com o café e depois caiu em decadência.
A paisagem da Serra da Bocaina pode ser apreciada em Cunha, a 1.050 metros de altura. Na parte rural do município há pousadas, hotéis-fazenda e restaurantes, que começaram a surgir há pouco tempo, acompanhando o crescimento do turismo na região.
No hotel-fazenda São Francisco, por exemplo, o hóspede pode fazer trilhas por bosques de pinheiros e eucaliptos, banhar-se em cachoeiras e piscinas naturais e curtir a vida rural, com comida caseira, ordenha de vacas e passeios a cavalo.
De Cunha, parte uma estrada para Parati (RJ), com 44 km, 14 deles dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Hospedagem: Hotel-fazenda São Francisco: rod. Paulo Virgínio, km 26,5 da SP 171. Tel. 3641-0300 ou (012) 579-6135. Pousada Santo Antônio da Lagoa: km 30 da Estrada dos Tropeiros, Silveiras, tel. 282-3038.

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