São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Bastão médico

DEBORAH GIANNINI

Novo aparelho poderá fazer indicação instantânea de diagnóstico de câncer no cólo do útero
Um aparelho, um pouco mais grosso que uma caneta, poderá ajudar na prevenção do câncer de colo do útero, doença que mata cerca de 5.000 mulheres por ano no Brasil.
Ainda em desenvolvimento, o "polarprobe" é uma sonda que toca o colo do útero, fazendo uma indicação instantânea de diagnóstico das condições dos tecidos. Além de ser capaz de identificar o câncer, ele distingue um útero normal de um pré-câncer.
"A grande vantagem do 'polarprobe' é que vai poder ser usado por qualquer paramédico treinado e responsável e deve ter baixo custo", diz Angelina Maia, professora de colposcopia da Universidade Federal de Pernambuco, que faz parte da equipe de pesquisadores no Brasil.
Criado pelo ginecologista australiano M. Coppleson, da Polartechnics, que desenvolve instrumentos ginecológicos, o aparelho está sendo testado em cinco países há sete anos.
No Brasil, os testes são feitos em Recife, líder nacional de câncer de colo do útero, realizados pelos professores Felipe Lorenzato (Instituto Materno-Infantil de Pernambuco), Angelina Maia (Universidade Federal de Pernambuco) e Albert Singer (Universidade de Londres).
Já foram realizados estudos com três grupos de mulheres, com diagnóstico de câncer, pré-câncer e útero normal.
Segundo Angelina, o "polarprobe" confirmou o resultado na maioria dos casos. Os números ainda não podem ser divulgados, pois o produto ainda está sendo aprimorado.
Funcionamento
O câncer é um distúrbio da organização normal das células. Esse distúrbio pode se manifestar química, biológica, óptica e eletricamente. Desde 1926 já se tem conhecimento da possibilidade de identificar o câncer por meio óptico e elétrico, mas esses métodos nunca haviam sido explorados.
O "polarprobe" é uma sonda que emite energia física e óptica pela sua extremidade. Ele é colocado em contato com o colo do útero por meio do canal vaginal. A energia descarregada por ele é refletida pelos tecidos do colo e captada simultaneamente pelo aparelho.
O útero normal, o pré-câncer e o com câncer refletem essa energia de modo diferenciado. Essa diferença é o que vai determinar o diagnóstico.
"Essa energia é decodificada pelo computador que possui um banco de dados com diagnóstico confirmado de câncer, pré-câncer e útero normal. O resultado de cada pessoa será comparado com esses já registrados", explica.
Segundo ela, o principal objetivo desse aparelho é atender a mulheres que habitam regiões distantes da capital, para serem encaminhadas ao especialista. "O papanicolau e a colposcopia são excelentes métodos de prevenção, mas são caros para fazer medicina de massa", diz ela. Estima-se que apenas 10% das brasileiras fazem o exame de prevenção anual.
Ainda não há previsão para o lançamento do "polarprobe" no Brasil.

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