São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997 |
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Aviso no bip anuncia morte de coreano
OTÁVIO CABRAL
O crime aconteceu por volta das 2h de ontem. Poucas horas antes, Kang havia recebido uma mensagem em seu bip avisando que ele seria morto naquela madrugada. A informação foi passada à polícia pela advogada Maria do Carmo Castro Leão, que defende três empresários coreanos que teriam dívidas de cerca de R$ 200 mil para receber de Kang. Segundo ela, por volta das 19h de anteontem, Kang foi a seu escritório relatar a ameaça e pedir ajuda. "Eu falei para ele não voltar para casa, mas não adiantou. Ele deve ter sido dominado no caminho e assassinado", afirmou a advogada. O motivo Maria do Carmo afirmou que Kang comprava roupas e bonés de importadores coreanos e revendia para lojistas da mesma nacionalidade no centro de São Paulo. Em abril, ele teria comprado cerca de R$ 200 mil em mercadorias e pago com cheques roubados. Os fornecedores deram queixa no 1º DP (Sé), que chegou a deter o coreano para averiguação. Na delegacia, ele afirmou ter recebido os cheques roubados dos lojistas coreanos. "No início, achamos que ele estava pagando os fornecedores com cheques roubados. Mas ele deu o nome dos comerciantes à polícia, foi solto e se comprometeu a negociar com eles para receber dinheiro", declarou Maria do Carmo. Kang teria procurado os lojistas há cerca de um mês para recuperar o prejuízo, mas teria sido ameaçado de morte. Pressionado pelos credores, ele teria insistido na cobrança da dívida. Segundo a polícia, as ameaças de morte foram feitas por um homem identificado por Ko. Ele é o principal suspeito de ter cometido o crime. O crime A advogada afirmou que Kang recebeu a mensagem por volta das 19h e foi a seu escritório pedir proteção. De lá, ele teria ido à casa de um amigo, no Brás (região central de São Paulo). "Ele estava com muito medo de morrer. Sabia que as ameaças eram sérias", afirmou a advogada. Após duas horas, Kang ligou para sua mulher, a ambulante boliviana Jean Carla Gutierrez, 25. "Ele falou que iria dormir na casa de um amigo e pediu para eu sair de casa porque a situação estava perigosa", afirmou Jean. Ela não seguiu os conselhos e dormiu no apartamento do casal. Por volta das 2h de ontem, ela acordou ouvindo muito barulho. Quando olhou pela janela, viu o corpo do marido. Segundo a polícia, Kang teria sido baleado em outro local e depois jogado, já morto, em frente ao prédio onde morava. Kang e Jean eram casados havia cerca de dois anos e meio. O casal tem um filho de 1 ano e 6 meses. Além de intermediar a venda de roupas, Kang vendia bonés e casacos em uma banca na rua Teodoro Sampaio. A investigação A polícia não conseguiu encontrar testemunhas do crime. Até a noite de ontem, nenhum suspeito havia sido preso. "É um caso difícil. A comunidade é muito fechada", afirmou o delegado Paulo Bittencourt, titular do 14º DP (Pinheiros), onde o caso foi registrado. Kang deve ser enterrado hoje no cemitério da Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de SP). Texto Anterior: Bueiro em avenida irrita motorista Próximo Texto: Central não veta ameaça Índice |
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