São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército se esconde para evitar violência

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O Exército protegeu ontem o governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL) e o Palácio dos Martírios, sede do governo alagoano, de forma "camuflada" para evitar possível confronto com policiais civis e militares que fizeram uma passeata pelas ruas de Maceió.
Os policiais de Alagoas estão parados desde quinta-feira passada. Eles dizem que só voltam ao trabalho depois que receberem os salários atrasados. No caso da PM, o atraso é de seis meses; no da Polícia Civil, sete meses.
O Exército foi convocado anteontem pelo governador. De madrugada, os soldados ocuparam o palácio. Durante a manifestação, porém, os 120 homens deslocados para o palácio se esconderam.
A manifestação reuniu 10 mil pessoas, segundo os organizadores. O governador calculou em apenas mil o número de pessoas presentes à manifestação. Os manifestantes, a maioria fardada e armada, ameaçaram invadir o palácio. Balançaram tanto as grades que um dos pilares quebrou.
O governador e o vice, Manoel Gomes de Barros (PTB), estavam no prédio, protegido aparentemente por apenas 30 PMs. Os soldados do Exército acompanharam tudo nos fundos do palácio por monitores de TV.
O governador pediu que não fossem usados carros blindados, como ocorreu anteontem em João Pessoa (PB). "Nós avisamos o governo que a presença do Exército poderia transformar a manifestação em sangrenta", afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, José Carlos Fernandes Neto.
O movimento dos policiais foi engrossado por outras categorias de servidores, que também não recebem há sete meses e convocaram greve geral a partir de hoje.
Participam da operação, autorizada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, 800 homens do Exército. Eles guardam também a Assembléia Legislativa, os tribunais de Justiça e de Contas e as empresas de água e energia. Os manifestantes marcaram nova passeata para amanhã.
Policiais e servidores prometem voltar ao Palácio dos Martírios, mas o alvo principal será a Assembléia Legislativa, que vota amanhã o impeachment do governador.
Suruagy é acusado de crime de responsabilidade por irregularidades na emissão de R$ 301,6 milhões em títulos para pagamento de dívidas judiciais (precatórios).
O cabo da PM João Braz, 27, será despejado sexta-feira por falta de pagamento de aluguel. "Se eu não receber os salários atrasados até lá, pego uma barraca de camping e monto na frente do palácio."

Texto Anterior: Provedor da BA tem material apreendido
Próximo Texto: Ministro coordena o envio de tropas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.