São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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FHC quer desbravar "fronteira" asiática

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O governo Fernando Henrique Cardoso prepara-se para desbravar, no final de setembro, o que o Itamaraty chama de "a última fronteira da diplomacia brasileira", o continente asiático.
O presidente brasileiro foi convidado pelo seu colega chileno Eduardo Frei para participar, como observador, da reunião de cúpula da Apec (sigla em inglês de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).
Trata-se de um heterogêneo conglomerado de 18 países, que vão da única superpotência remanescente (os Estados Unidos) à pequena e pobre Papua Nova Guiné.
O único traço de união entre os 18 países é o fato de serem banhados pelo oceano Pacífico. Mas os países asiáticos são, de todo modo, em maior número no conglomerado.
É esse fato que dá importância à reunião, do ponto de vista da diplomacia brasileira.
Desbravamento
Até agora, as relações Brasil-Ásia limitaram-se ao contato já tradicional com o Japão, muito esfriado nos longos anos de turbulência econômica, e nos laços crescentes com a China.
Com a Índia, outro dos grandes países asiáticos, nem a visita presidencial do início deste ano foi suficiente para fazer deslanchar o relacionamento.
Por isso, o governo brasileiro pretende aproveitar o caráter absolutamente informal das cúpulas da Apec para iniciar o desbravamento dessa última fronteira diplomática.
O câmbio
A atual turbulência cambial em pelo menos três países asiáticos acaba sendo uma coincidência igualmente interessante do ponto de vista do governo brasileiro.
São comuns as análises que apontam paralelos entre a situação no Brasil (déficit externo elevado e moeda sobrevalorizada) e a dos países asiáticos afetados pela turbulência.
Fatalmente, a crise cambial será motivo de conversas entre os chefes de Estado que estarão no Chile, anfitrião de turno da Apec.
Fernando Henrique Cardoso não participará desses diálogos, por ser apenas observador.
Mas naturalmente terá encontros bilaterais com alguns de seus colegas.
Próxima vítima
É possível que o presidente aprofunde o desbravamento da "fronteira asiática" no final do ano.
Sua agenda prevê o comparecimento à reunião do G-15 (grupo de 15 países intermediários), a se realizar na Malásia, apontada como a inevitável próxima vítima da turbulência cambial.
A viagem de FHC ao Chile não será exclusivamente para participar da cúpula da Apec.
Faz parte do esquema acertado com Eduardo Frei de pelo menos uma reunião anual bilateral entre os mandatários chileno e brasileiro.
Os dois aproveitarão o encontro para analisar os resultados até agora obtidos com o acordo de livre comércio entre o Chile e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Alca
Discutirão também as negociações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas, que envolve todos os 34 países americanos, exceto Cuba).
Santiago será a sede, em março de 98, do 2º encontro de cúpula da Alca, depois da reunião de Miami, em dezembro de 1994, que lançou o projeto de negociação de uma área de livre comércio que, se constituída, será a maior do mundo.

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