São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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VERGONHA NO FUTEBOL

A crise no futebol brasileiro, que começou com uma irregularidade, está enveredando pelo terreno do deboche. Só assim pode-se entender a tardia proposta do presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Eduardo José Farah, de retirar os clubes paulistas do Campeonato Brasileiro. A sugestão de Farah é boicotar um torneio que incluiu na base do "tapetão" duas equipes -Fluminense e Bragantino- que deveriam estar agora na segunda divisão.
Tal proposta soa oportunista. Para ser levada minimamente a sério, deveria ter sido apresentada logo após a inclusão abusiva dos dois times.
Agora que o campeonato já vai entrar na sua terceira semana, a manobra de Farah parece não passar de uma tentativa demagógica de navegar na onda de repúdio que a mídia, com poucas exceções, vem expressando em relação à CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Some-se a isso o fato de que, além de não resolver o problema de um campeonato que já nasce condenado, a saída dos paulistas acabaria punindo-os, já que só têm acesso à Taça Libertadores da América os clubes campeões da Copa do Brasil e do próprio Campeonato Brasileiro. O fato é que, com ou sem as equipes de São Paulo, o campeonato deste ano já está suficientemente desmoralizado na opinião dos interessados -os torcedores de futebol. Diante do julgamento do público, expresso no não-comparecimento aos estádios, retirar os times de São Paulo seria inócuo. Para devolver seriedade ao torneio -e, acima de tudo, a um esporte que movimenta milhões de reais-, seria preciso começar tudo de novo, da estaca zero. Como é no mínimo improvável que o recomeço possa ocorrer mantendo-se os atuais dirigentes, o primeiro passo deveria ser uma intervenção na CBF. O público e as empresas que giram em torno do futebol agradeceriam. A medida poderia representar o começo do fim do descalabro.

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