São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Casa é tragada por túnel do metrô em São Paulo

MARCELO OLIVEIRA

MARCELO OLIVEIRA; LUÍS CARLOS MURAUSKAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Obra causou movimentação de terra que afetou três imóveis; vigia avisou moradores a tempo e ninguém se feriu

Uma casa na rua Votuporanga, 243, no Sumaré (zona sudoeste de São Paulo), desabou parcialmente, às 22h de anteontem, após uma movimentação do solo causada pelas obras do trecho oeste do Metrô, entre as futuras estações Sumaré e Vila Madalena.
Mais dois imóveis vizinhos foram afetados.
O acidente não causou mortes porque os moradores haviam deixado os imóveis pouco antes do desabamento.
Eles foram avisados pelo vigia Dercílio Joaquim da Silva, 47, que ouviu um estalo vindo da casa que ruiu quando fazia a vigilância externa da rua.
Uma das vítimas, o advogado Márcio Fernandes está revoltado. Ele afirma que o Metrô sabia do problema e não avisou todos os moradores (leia texto ao lado). Somente a mãe de um engenheiro do próprio Metrô teria sido comunicada com antecedência.
Segundo Márcio, que afirma ter ouvido essa versão de funcionários da companhia, operários teriam notado o problema no túnel às 18h.
O Metrô, que proibiu engenheiros e técnicos a darem entrevistas, anunciou que as obras vão continuar 24 horas por dia até a conclusão do trecho, de 2,2 km, programada para o final do ano que vem.
Aviso
No imóvel desabado estava apenas a dona-de-casa Dulce Meirelles de Assis -mãe do engenheiro Luís Carlos de Assis, do Metrô -que assistia TV antes do desabamento. Segundo a cunhada do engenheiro, a professora Yara Brosch de Assis, Dulce teria sido avisada por telefone.
Yara não soube dizer se foi o filho quem deu o aviso. Quando a professora era entrevistada, uma mulher que se identificou como advogada da família, mandou que ela se calasse.
Logo após o telefonema, o vigia bateu na casa e a moradora saiu antes que o imóvel viesse abaixo. A varanda, um quarto, um escritório e um banheiro, no segundo andar, e parte do primeiro andar, desabaram para o interior do túnel.
Parte do muro da casa 261 da rua Votuporanga também cedeu, provocando rachaduras no imóvel, destruindo o Vectra do advogado Márcio Fernandes, 57, e danificando o Tipo do filho dele, Luis Eduardo Fernandes.
Além da casa que desabou, foram interditados o imóvel do advogado e outro na rua Taboão, 110, nos fundos da casa destruída.
Márcio Fernandes contou que, após avisar Dulce, o vigia também o avisou.
"Estávamos com um casal de amigos quando o vigia avisou que a casa do vizinho estava caindo. Ele gritava e fazia muito barulho. Fomos atendê-lo, e a casa começou a ruir", contou Fernandes, o segundo a ser avisado.
Em risco
Outra duas casas da rua Votuporanga, incluindo a que foi do professor e arquiteto Vilanova Artigas, considerada um marco da arquitetura moderna, correm o risco de ser interditadas.
Os moradores das casas interditadas foram levados pela Constran para o hotel Metropolitan, nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo).
O Metrô disse que todas as vítimas de danos serão indenizadas.

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