São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Muro cai em cima de carro

DA REPORTAGEM LOCAL

Os destroços do muro da casa do advogado Marcio Fernandes caíram sobre o pára-brisa de seu Vectra e danificaram o teto e o capô do carro, que ficou inutilizado.
"Quando eu vi a casa do lado desabando, saí correndo para tentar achar a chave do carro, mas não sei onde a guardei. Foi a minha sorte, pois quando voltei da sala, os destroços já tinham caído sobre o carro", contou.
"Eu podia estar dentro do carro quando o muro caiu, mas o que eu não me conformo é com o descaso e a irresponsabilidade do Metrô", desabafou.
A principal queixa de Fernandes é não ter recebido nenhum aviso do Metrô, que àquela altura, afirma o advogado, já havia detectado o problema no túnel.
"Além dela (a vizinha Dulce), ninguém mais foi avisado. O vigia é que nos salvou, porque ouviu o barulho da casa trincando e correu para nos avisar. Estava numa reunião com amigos e nem sabia o que se passava do lado de fora. A primeira preocupação deles foi cobrir os escombros."
Fernandes disse que ainda não sabe se vai processar o Metrô.
"Primeiro estou preocupado em tirar minhas coisas de casa."
O engenheiro Paulo Simardi, irmão da advogada Maria Silvia Simardi Fernandes, mulher do advogado, disse que sempre tranquilizava a irmã, dizendo que a obra não oferecia riscos.
"Sempre dizia para ela que há tecnologia suficiente para evitar que isso acontecesse. Agora, ela está com pavor e diz que, mesmo que a autorizem, não quer voltar mais para casa."
Para Simardi, que fez várias fotos do local, a única explicação para o acidente é a pressa do Metrô para entregar a obra.
"O que interessa aqui (na obra) é correr, entregar antes da eleição, e pronto. Eles não têm o menor respeito pela vida humana."
Simardi acredita que o sofrimento do cunhado não terminou. "Se fosse em outro país, ele estava rico, mas aqui vai ser uma briga para ele receber."

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