São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997 |
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Brasileiro leva seus personagens aos EUA
PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
Fabrício está indo da teoria à prática: depois de dar aulas sobre quadrinhos, manter por três anos na Internet uma coluna sobre a área e distribuir revistas em sua cidade (São José dos Campos), ele agora publica seu primeiro trabalho com personagens próprios, "Soulless Warrior" (Guerreiro sem Alma). A revista, trimestral e em preto-e-branco, foi lançada nos EUA por uma editora independente, a Angel. Seu autor é um dos poucos, senão o primeiro, quadrinhista brasileiro a lançar um personagem no mercado norte-americano. Fabrício ainda não tem previsões de publicar seu guerreiro desalmado no Brasil. "Soulless Warrior", o personagem que levou Fabrício aos EUA, foi criado em 1996. "Eu estava trabalhando com elementos da Idade Média em minhas histórias, mas não tinha um guerreiro medieval", conta o autor. Para as pesquisas que fez para a criação do personagem, Fabrício utilizou vários tipos de referências, como o filme "Conan", com Arnold Schwarzenegger, o role-playing game "Dungeons & Dragons" e até o "Guia Visual", da Publifolha, sobre Nova York -apesar de a história ser centrada em um guerreiro medieval da época da Inquisição, ela se passa nos Estados Unidos de hoje de 1997. "Ele é um homem que desperta dentro de um caixão em Nova York. Não se lembra quem é, não sabe como foi parar lá e nem o que aconteceu com ele... há uma história por trás disso, que é o mote que move o enredo", explica Fabrício. Para desenhar seu personagem, ele contou com Reynaldo Baptista, ex-aluno de seu curso de quadrinhos, ministrado na escola Villa-Lobos, de São José. O argumentista diz que ter Reynaldo ilustrando suas histórias é uma grande vantagem: "Eu descrevi o personagem pelo telefone e ele me trouxe o desenho, igualzinho ao que imaginei, com todas os detalhes; ele pôs até as botas de camurça que eu pedi." E se o argumentista e o desenhista são brasileiros, por que situar a história em Nova York e publicar a revista fora do país? "O mercado é maior, e as oportunidades, melhores. O empresário brasileiro não quer investir em você, quer apenas te explorar", diz o quadrinhista. "Fica mais barato para uma editora brasileira pegar um material já pronto de outro país. Como as revistas já foram impressas e distribuídas, vender seus direitos para outros países é puro lucro, e as editoras americanas o fazem por preços baixíssimos. É muito mais barato do que investir na produção de algo novo." Entre as vantagens que Fabrício aponta em seu contrato com a Angel está o fato de o projeto ser "creator-owned": o artista controla tudo sobre o personagem. "Na hora em que ele for virar filme, videogame ou boneco, eu terei que receber por tudo isso. É a alma das novas tendências do mercado, que é a de respeitar os direitos autorais." Revista: Soulless Warrior Lançamento: Angel Quando: já nas importadoras de HQs Quanto: US$ 2,95 (36 páginas) e US$ 5,95 (para colecionadores, com capa com fio metálico) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Comic-Con é ligado às HQs Índice |
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