São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Despenca popularidade de Fujimori

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A popularidade do presidente do Peru, Alberto Fujimori, atingiu a marca mais baixa em seus sete anos de governo, e a população da capital acha que são os militares que exercem o poder de fato.
Apenas 23% dos moradores de Lima aprovam a gestão de Fujimori, uma queda de 11 pontos percentuais em nove dias. A reprovação ao governo atinge 69% (8% disseram não ter opinião).
Entre os 414 ouvidos pelo instituto Apoyo, 53% acreditam que o poder no país é exercido pelos militares, contra 38% que acham que quem manda é Fujimori. O levantamento foi divulgado ontem.
As Forças Armadas são suspeitas de envolvimento no escândalo da suspensão da cidadania peruana de Baruch Ivcher, um israelense dono da emissora de TV Frecuencia Latina.
A rede exibiu uma série de reportagens sobre abusos dos direitos humanos no país e corrupção nas Forças Armadas. No último domingo, a TV denunciou que 197 pessoas -entre empresários, jornalistas, políticos e diplomatas- estavam sendo submetidas a escutas ilegais em seus telefones.
Horas depois, foi anunciada a medida contra Ivcher, baseada em "irregularidades" em seus papéis. Ele era cidadão peruano desde 1984. Na prática, ela faz com que ele deixe o comando da emissora -a lei peruana proíbe que estrangeiros sejam acionista majoritários de meios de comunicação.
Em entrevista à agência espanhola "Efe", o presidente Fujimori se negou a dizer se apóia a medida, tomada pelo serviço de imigração (ligado ao Ministério do Interior). Afirmou apenas que deu "instruções precisas" para que o Judiciário esclareça o assunto.
Na pesquisa, 74% disseram que o caso Ivcher foi um atentado contra a liberdade de imprensa, e 93% disseram acreditar que Fujimori deve explicações à população.
Organizações sindicais, jornalísticas e outros setores preparam para hoje uma manifestação contra o governo, em Lima.
O Conselho da Imprensa Peruana, que agrupa diversos meios de comunicação do país, instou o presidente a se pronunciar "imediatamente" sobre o caso Ivcher.
"Caso contrário, a opinião pública só poderá inferir que no Peru o governo eleito pela vontade dos cidadãos não exerce o poder ou que o regime optou por acabar com a liberdade de imprensa e de expressão", disse comunicado da entidade. A Associação Internacional de Radiodifusão, que reúne mais de 17 mil emissoras privadas de rádio e TV da América e da Europa, também condenou o governo peruano.
A influência dos militares na Presidência é simbolizada por Vladimiro Montesinos, assessor direto de Fujimori.
Ex-capitão do Exército, ele é apontado como o elo entre as Forças Armadas e o palácio presidencial e como o mentor da ação militar que libertou os reféns da casa do embaixador do Japão, em abril deste ano.

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