São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Peão boiadeiro embolsa até R$ 60 mil num só rodeio

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Ser muito bom de sela é hoje uma das atividades mais bem remuneradas no interior do Estado de São Paulo. O peão boiadeiro, profissional pago para se exibir dominando cavalos bravos, chega a faturar R$ 60 mil num único rodeio.
"Existem ainda outros tipos de premiação. Em alguns casos, o peão ganha carro. E merece. Afinal, a principal atração da festa é o cara que está ali em cima do cavalo", justifica Virgílio Gonçalves, 24, peão de São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo).
Tricampeão da Festa do Peão Boiadeiro de Barretos (438 km a noroeste de São Paulo), Gonçalves monta desde os 16 anos. Já ganhou 16 carros e 16 motos. Aplicou tudo em gado e terras: "Não é fácil estar entre os 100 ou 120 melhores do Brasil e ser bem remunerado".
A explicação para os prêmios polpudos, que contabilizam uma remuneração mensal que pode bater R$ 20 mil, está no próprio mercado de rodeios, opina Marco Abud, 40, sócio da Chão Preto Eventos, que organiza rodeios.
"É uma atividade que cresce cada vez mais no país. Os rodeios movimentam milhões de reais. E os peões são uma atração fundamental na festa. Daí os grandes prêmios que eles recebem."
Segundo Flávio Silva Filho, 38, presidente do Clube dos Independentes, que reúne empresas organizadoras de rodeios na região de Barretos, acontecem 1.200 desses eventos por ano no país. São assistidos por 24 milhões de pessoas.
A tendência, segundo ele, é que o peão se torne cada vez mais o centro das atenções nos eventos: "Nos EUA, eles são verdadeiros astros, com gente pedindo autógrafo. Alguns são milionários, têm patrocínio de empresas e são garotos-propaganda de marcas".
Os mais famosos ganham cerca de US$ 1 milhão por ano nos EUA, de acordo com Silva. "Quem está na média, ou seja, não é tão bom, mas é competente, recebe uns US$ 100 mil por ano, o que não é nada ruim, muito pelo contrário."
No Brasil, a maioria dos peões, segundo Gonçalves, vive uma realidade bem diferente. Ganham R$ 1.500 por mês, mais R$ 50 diários nos eventos que dos quais participam, que, em geral, duram quatro dias.

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