São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Empresas oferecem serviços suspeitos

DANIEL DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Disputar uma vaga no mercado de trabalho pode custar mais de R$ 500 -sem nenhuma garantia do profissional conseguir o emprego.
Empresas que oferecem, em anúncios classificados, banco de currículos e serviço de recolocação foram colocadas sob supeita por quem utilizou seus serviços.
Nos chamados disque-empregos, que fazem a propaganda de oferecer oportunidades por telefone, o usuário pode desembolsar R$ 50 em menos de dez minutos e não encontrar nenhuma vaga.
A.J., que se sentiu lesada por um desses serviços, fez a denúncia à Folha: "Empresas que se apresentam como consultorias enganam, exploram, desrespeitam e humilham pessoas necessitadas".
Simulação
A Folha simulou uma tentativa de obter uma vaga de gerente de loja por meio de anúncio publicado pela Integração Consultoria.
Durante a ligação, uma atendente, que se identificou como Ângela, disse que era preciso enviar o currículo para uma análise prévia.
Sobre a vaga, disse que era para um magazine e que o salário fixo seria de R$ 1.000 (mais comissão, vale-refeição e vale-transporte).
"Caso você queira nossa prestação de serviços, terá de fechar contrato de cadastro e divulgação de currículos, que custa R$ 100."
Apesar de não garantir a vaga, argumentou que o valor poderia ser parcelado em duas vezes ou pago com pré-datado para 30 dias.
Eronildes Alves dos Santos, diretor, alega que tem despesas administrativas. Argumenta ainda que o serviço é um bom negócio para as empresas: "O custo é zero".
Não para o usuário. Fora os R$ 100, ainda há outra taxa, adiantada, de 50% da pretensão salarial do candidato, "desde que exista no mercado a vaga solicitada".
Ética
Na opinião do "headhunter" (caçador de talentos) Simon Franco, 57, da Simon Franco Recursos Humanos, essa prática não é correta do ponto de vista ético.
Ele diz que "se você oferece uma vaga em nome de uma outra empresa, não deve cobrar da pessoa física para que seja avaliada, mas, sim, da empresa contratante".
As grandes empresas de consultoria em recursos humanos, como Catho e Manager, não cobram pelo serviço de banco de currículos.
Também não há nenhuma taxa de admissão para o banco de currículos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O que as consultorias cobram é por serviços de "outplacement" (recolocação), que, em geral, funcionam para cargos executivos.
Santos, da Integração, contra-argumenta. "Somos caros porque nós até emitimos uma carta de agradecimento para ele (o pretendente à vaga), caso não consiga o emprego desejado."

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