São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Trinta

RODRIGO BUENO

A Fifa não se contentou apenas em dar a Ronaldinho o título de "melhor jogador do mundo". A máxima entidade do futebol, mostrando mais uma vez seu perfil autoritário, irá decidir o destino do atacante brasileiro nesta terça-feira.
Duas são as opções: ficar na Espanha defendendo o Barcelona ou rumar para a Itália e jogar na Internazionale.
Fazendo um paralelo com a política, a primeira opção representaria a situação bem-sucedida, a manutenção (ou reeleição, como anda em voga) de um trabalho que deu certo.
Em uma temporada no Barcelona, Ronaldinho foi ao topo. Ganhou a Recopa, venceu a Copa do Rei, levou seu time à Copa dos Campeões e foi o artilheiro do Espanhol, com 34 gols.
A segunda opção funcionaria como a incerta oposição, ávida por grandes reformas e embalada por novas idéias, mas capaz de pôr fim a tudo aquilo de bom que já foi conquistado.
Na Inter, Ronaldinho teria que colocar à prova mais uma vez seu talento, enfrentando as eficientes defesas italianas.
O virtual centroavante do Brasil na Copa do Mundo de 98 teria muitas dificuldades para fazer 30 gols no Campeonato Italiano, marca que alcançou nos torneios nacionais da Holanda e da Espanha.
Vários dos grandes nomes nomes do futebol mundial ficaram bem distantes deste feito.
Platini foi o artilheiro em 83, 84 e 85, marcando, respectivamente, 16, 20 e 18 vezes. Van Basten brilhou em 90, com 19 gols, e em 92, com 25. Maradona foi o artilheiro em 88, com apenas 15 gols. Nos últimos anos, Signori (93) e Batistuta (95) se firmaram como goleadores ao conseguirem 26 tentos.
A opção mais fácil para Ronaldinho seria seguir na Espanha, onde provavelmente ultrapassaria os 30 gols. Mas ser um "artilheiro balzaquiano" na Itália, desejo já manifestado pelo brasileiro, o consagraria ainda mais como atacante.

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