São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Real muda investimento imobiliário

PAUL WEEKS

O Plano Real mudou os parâmetros do mercado imobiliário. Superada a fase em que as pessoas compravam imóveis, antes de tudo, para proteger seu capital, chegamos a um estágio em que esses investimentos são medidos pela sua capacidade de retorno.
Empresas têm sedes próprias porque preferem reunir num imóvel atributos únicos, como um ponto, investimentos em tecnologia e confiança na preservação do seu valor durante muito tempo.
Investidores adquirem imóveis porque acreditam que poderão obter renda mensal crescente. O Plano Real qualificou o investidor imobiliário. Ele agora necessita de informações altamente confiáveis, para que possa escolher ativos capazes de lhe assegurar renda por enorme período.
O modelo está em alguns dos mais antigos edifícios do mundo, como os palácios construídos há séculos pelos Doges em Veneza e que, hoje, transformados em disputados hotéis, continuam assegurando remuneração mais que satisfatória aos seus proprietários.
As pesquisas sobre o mercado de escritórios feitas pela Bolsa de Imóveis do Estado de São Paulo contêm revelações da maior importância. A primeira é que, desde o Plano Real, o valor médio dos aluguéis subiu de forma expressiva, atingindo 82,62% na cidade de São Paulo, compensando, portanto, a inflação do período.
A segunda é que houve uma acomodação dos preços em decorrência do fim da euforia inflacionária. Tende-se, agora, aos parâmetros verificados em países de economia estabilizada, em que há uma correlação muito estreita entre valores de investimento e do aluguel.
O volume de investimentos imobiliários em São Paulo aumentou com o Real. No segmento de escritórios, durante os primeiros 12 meses do Real, o estoque cresceu 165 mil m2 úteis, 40% acima da média dos quatro anos anteriores.
Em três anos, o estoque de escritórios da cidade cresceu 420 mil m2 úteis, com expansão de 7,6% sobre junho de 1994, quando atingia 5,5 milhões de m2 úteis.
A questão é saber, agora, quais são as perspectivas do investimento em escritórios. Análises superficiais poderiam recomendar movimentos bruscos, seja em direção a novos investimentos, seja em direção à venda, na suposição de que haverá excesso de oferta.
As duas visões contêm enfoques marcados pelo primarismo. Continuarão existindo excelentes oportunidades de investimento, mas essas possibilidades estarão limitadas aos edifícios que melhores perspectivas ofereçam, no longo prazo. Os maciços investimentos estrangeiros que chegam ao país, alcançando US$ 7,3 bilhões no primeiro semestre -quase 80% do valor investido em 1996-, são feitos por empresas internacionais, que têm grau máximo de exigência para as instalações de suas filiais.
Os investidores nacionais devem identificar, portanto, que imóveis serão procurados por esses novos clientes. Do ponto de vista imobiliário, a estabilização econômica trouxe um novo referencial. Cabe aproveitá-lo, a partir de uma sólida base de informações, sem a qual quaisquer decisões de investimento podem ser temerárias.

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