São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Salário racha união de soldados e coronéis

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Um racha tumultuou ontem a greve da Polícia Militar de Pernambuco. Soldados e cabos, detentores de salários mais baixos, ficaram irritados com a proposta de aumento salarial que os oficiais defenderam para levar ao governo.
Somente no início da noite, houve recuo dos soldados, aceitando a proposta, considerada mais vantajosa para seus superiores.
Até então, soldados e coronéis negociavam de igual para igual, sem reproduzir a hierarquia dos quartéis, mas ontem predominou o poder dos oficiais no comando da greve dos militares.
Segundo a reivindicação de autoria dos oficiais, a greve chegará ao fim caso o governador Miguel Arraes (PSB) concorde com o aumento de 50% (sobre a remuneração bruta) para todos os níveis -de soldado a coronel. Até 18h30 de ontem, o governo mantinha sua posição de não reabrir as negociações e ameaçava com demissões.
Pela proposta dos oficiais, a remuneração de um soldado de 3ª classe vai de R$ 283 para R$ 424,50. Um coronel saltaria de R$ 2.313,09 para R$ 3.469,63.
Durante todo o dia, a proposta era considerada, por diretores da Associação de Cabos e Soldados, vantajosa apenas para os oficiais, que têm a garantia e poder para assegurar gratificações elevadas.
Para cabos e soldados, que mantêm a greve, só valeria um aumento sobre o soldo e não relativo somente à remuneração bruta, que inclui gratificações e vantagens maiores para coronéis.
O desejo dos soldados era a elevação do soldo, que atualmente é de R$ 74, para R$ 130. Esse salto representaria, de imediato, um aumento na remuneração total de R$ 283 para cerca de R$ 422, independente de gratificações.
O que o governo ofereceu até agora foi um aumento máximo de 45,7% sobre gratificações de cabos e soldados. Mas o valor seria pago em quatro parcelas. No final do pagamento, a remuneração poderia ir até R$ 412,21.
A proposta governista era diferenciada para soldados e coronéis, promovendo um aumento de 14% para oficiais -remuneração iria de R$ 2.313,09 para R$ 2.630,30.
Por volta das 16h de ontem, a diretoria da Associação dos Oficiais da PM convocou os seus filiados, além de subtenentes e sargentos, para uma reunião. A convocação foi feita por um carro de som em pleno encontro dos grevistas em frente à Assembléia Legislativa.
A atitude foi vista como mais um gesto de "separatismo". No início da noite, os soldados recuaram e decidiram encampar a mesma proposta dos superiores.

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