São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo vai por 6.000 policiais nas ruas

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB) vai colocar cerca de 6.000 policiais militares nas ruas de São Paulo para acompanhar o ato "Abra o Olho, Brasil".
A segurança na av. Paulista, onde os manifestantes vão se concentrar, será feita principalmente por 3.000 homens da tropa de choque.
Esse grupo ficará no Masp (Museu de Arte de São Paulo), nas estações de Metrô e nos hospitais da área e agirá em caso de conflitos.
"O choque vai estar posicionado para proteger esses locais e garantir o acesso da população a eles", afirmou ontem o secretário interino da Segurança Pública, Luiz Antonio de Souza.
O restante dos policiais é do CPTran (Comando do Policiamento de Trânsito) e do Comando de Policiamento Metropolitano.
Parte do efetivo desses dois grupos vai acompanhar as marchas que começam a percorrer a cidade a partir das 9h. Depois, eles ajudarão a tropa de choque na segurança da av. Paulista.
Souza e o líder do MST Gilmar Mauro acreditam que 15 mil pessoas participarão do ato.
O secretário afirmou que não teme a adesão dos PMs à manifestação. "A eventual adesão será insignificante." O governo deu reajuste de 8,5% a 34% aos PMs. A corporação reivindicava aumento de 77,24% para os soldados.
Legalidade do ato
Os responsáveis pela manifestação não haviam comunicado o governo da realização do ato, como determina a lei e a Constituição (artigo 5º, XVI).
Por isso, o secretário interino da Segurança convocou líderes do MST, PT, CUT e CMP (Central de Movimentos Populares) para uma reunião ontem em seu gabinete. Houve a comunicação formal ao secretário e a discussão sobre o esquema de segurança.
"A partir de agora, tem de comunicar a autoridade competente antes de qualquer manifestação", afirmou Souza.
O secretário interino também pretendia transferir o local do ato do Masp para o vale do Anhangabaú. Os líderes concordaram apenas com a mudança para a frente do prédio onde fica a TV Gazeta.
O trânsito será interrompido na pista sentido Paraíso-Consolação, entre a rua Campinas e a av. Brigadeiro Luís Antônio.
A outra pista terá mão dupla. Se houver necessidade, ela será gradativamente interditada. Mas estará garantido um corredor para ambulâncias. O trânsito será desviado para a alameda Santos e a rua São Carlos do Pinhal.
Compareceram à reunião Gilmar Mauro, do MST, José Lopes Feijó, presidente estadual da CUT, José Albino, da CMP, Antonio Souza Ribeiro, secretário de informação da CUT e os deputados João Paulo Cunha (federal, PT) e Jamil Murad (estadual, PC do B).
Souza afirmou que o Masp foi descartado por apresentar problemas de estrutura e por abrigar "uma patrimônio de toda a humanidade". Além de seu acervo permanente, o museu tem hoje exposição com obras do pintor impressionista Claude Monet.
Números
A avaliação de Souza de que haverá 15 mil pessoas é baseada na estrutura montada para o ato.
Segundo o secretário, há de 4.000 a 5.000 pessoas nas marchas. A CUT e o PT contrataram 200 ônibus para trazer manifestantes do interior. Cada ônibus têm capacidade para cerca de 40 pessoas, o que dá um total de 8.000. Souza avalia que de 2.000 a 3.000 manifestantes irão por meios próprios.

Texto Anterior: Governo sugere que é 'agitação'
Próximo Texto: Polícia Civil decide hoje sobre greve
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.