São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Falta de vaga faz mulher esperar até 7 horas

LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

Peregrinar por três hospitais durante sete horas foi o que Maria Paula de Azevedo, 18, enfrentou na última segunda-feira para conseguir dar à luz.
Às 4h, quando a bolsa estourou, ela foi ao Hospital Ermelino Matarazzo (zona leste de SP), onde alegaram, depois de duas horas de espera, que não havia vagas.
Por volta das 7h, Maria Paula foi levada ao Hospital João 23 (zona sudeste). Esperou por mais cinco horas.
"Já estava sangrando e não me atenderam. Esperei tanto tempo para me dizerem que não havia vagas. Vim para o Santa Marcelina."
A dona-de-casa Leonilda Zambianco da Silva, 34, percorreu dois hospitais antes de chegar ao Santa Marcelina e ser atendida.
O primeiro local procurado por Leonilda foi o Hospital Geral de Guaianazes (zona leste). Quando chegou lá lhe disseram que o centro obstétrico e a maternidade estavam lotados.
Já com 1 cm de dilatação -10 cm de dilatação é o ideal para se ter um filho de parto normal- Leonilda foi procurar o Hospital Waldomiro de Paula (zona leste), onde lhe deram uma injeção para dor e mandaram-na voltar para casa.
Nessa hora, Leonilda, que estava com 8 cm de dilatação, foi para o Santa Marcelina, onde conseguiu ser internada.
A bolsa já havia estourado quando a adolescente Diani Ribeiro Campos, 17, entrou no Hospital Ermelino Matarazzo (zona leste).
Diani disse que estava tranquila porque tinha o convênio médico da firma onde seu pai trabalha.
"Foi uma surpresa para mim e para o meu pai quando falaram que não aceitavam o convênio."
Conforme Diani, uma recepcionista falou que ela só poderia ser internada mediante pagamento de R$ 2.000.
Sem condições para pagar, ela foi ao Santa Marcelina e, algumas horas depois, nasceu Tainá.
Diani mora em São Miguel (zona leste de SP) e afirma que já sabia da dificuldade. Mas, agora, ela quer esquecer o "sufoco", como ela mesmo diz, e cuidar de sua filha. Diani cursa o 3º colegial e conta que vai tentar terminá-lo este ano.
"A minha cunhada vai ficar com ela (Tainá) para eu poder pelo menos terminar o colegial."

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