São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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As faces de Zagallo

JUCA KFOURI

A convocação da última terça-feira mostrou quase todas as faces de Zagallo. A face teimosa ao insistir com Taffarel, que parece padecer de um mal crônico, o de se desligar de repente durante um jogo de futebol. E tome frangos e tome faltas.
Na mesma convocação de Taffarel, a face solidária de Zagallo: mantém o goleiro porque é "cargo de confiança" e dá moral ao número 1, embora fosse mais que hora de testar revelações como Rogério, do São Paulo e André, do Inter-RS.
Porque, daqui a pouco, estaremos condenados a sofrer com Taffarel mesmo na França, um belo sujeito, mas um atleta em declínio. Ao reconvocar Rivaldo, o treinador mostra sua melhor face, a capaz de perdoar. Tardou, mas não falhou.
Já ao deixar Romário de fora, o pecado mortal, a face vingativa, como um troco por ter sido obrigado a engoli-lo nas eliminatórias da Copa de 1994 e na própria Copa.
Romário terá de matar dois leões por jogo para que a pressão da opinião pública o devolva à seleção.
O mesmo Romário que foi decisivo para que o Brasil ganhasse as Copas América de 1989 e de 1987 e para que a seleção se classificasse e trouxesse o tetra em 1994.
Mas, sem dúvida, Zagallo mostrou sua face independente, ao deixar ao relento o craque da Nike, até confundindo seus críticos. A face rigorosa aparece no justo corte de Edmundo. A face polêmica na também correta tentativa com o instável Júnior Baiano e com o goleador Ânderson, a quem ele andou desprezando em entrevistas e colunas.
A face surpreendente Zagallo revelou ao chamar o bom Ricardinho e ao não chamar Cléber e Bebeto.
E a de bom observador ao esquecer de Célio Silva, Márcio Santos (infelizmente em decadência, tomara que não definitiva), Mauro Silva (idem), Giovanni (de grande futebol e pequena personalidade) e Djalminha (um talento que treme).
A troca de Paulo Nunes por Donizete fica por conta da face misteriosa de Zagallo. Os gremistas, aliás, estão convencidos de que Paulo Nunes só foi levado à Europa e à Bolívia para prejudicar o Grêmio na Libertadores, um absurdo total.
E os corintianos começam a acreditar que Donizete, então em fase muito melhor, só não foi mesmo naquela viagem para ajudar o Corinthians a ser campeão paulista, segundo as maledicências à época.
Coisas de Zagallo, apenas.

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