São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
Próximo Texto | Índice

Fujimori é japonês, afirma revista

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Meios de comunicação peruanos questionaram ontem a legitimidade do presidente Alberto Fujimori para governar. Segundo eles, o presidente não nasceu no Peru, o que o impediria de ocupar a Presidência do país.
A revista semanal "Caretas", oposicionista, publicou reportagem em que questiona a autenticidade de documentos que tratam do local de nascimento de Fujimori, atualmente em seu segundo mandato (ele foi eleito em 1990 e reeleito em 1995). O jornal "La República" e a TV Uranio 15 veicularam reportagens semelhantes.
A "Caretas" diz que documentos sobre data e local de nascimento de Fujimori foram alterados para sugerir que o presidente nasceu no Peru. Na realidade, segundo a revista, Fujimori nasceu no Japão e emigrou para o Peru em 1934. A data oficial do nascimento do presidente é 28 de julho de 1938.
A reportagem diz que documentos da entrada da família Fujimori no país comprovam que ela era composta por quatro pessoas (os pais e dois filhos). Os pais do presidente tiveram quatro filhos. Alberto e Juana são os mais velhos.
Silêncio oficial
O presidente não fez nenhum comentário sobre as denúncias. Parlamentares governistas rebateram as acusações. As reportagens são parte de campanha para manchar a imagem de Fujimori, disseram.
Alguns deputados afirmaram que questionar a legitimidade do governo Fujimori aumenta as chances de um golpe militar. No Peru, mais da metade da população acredita que Fujimori é controlado pelas Forças Armadas.
"Dúvidas sobre a nacionalidade do presidente podem levar a um golpe", disse o parlamentar independente José Barba.
As suspeitas sobre a nacionalidade do presidente surgem em meio à polêmica que envolve o cancelamento da nacionalidade peruana de Baruch Ivcher, de origem israelense. Fujimori é acusado de tentar silenciar meios de comunicação que criticam seu governo.
A TV Frecuencia Latina, controlada por Ivcher, apresentou denúncias de que o serviço secreto peruano instalou uma rede de escutas telefônicas em diversas personalidades importantes do país.
Se perder a nacionalidade peruana, Ivcher terá de abandonar o controle da Frecuencia Latina.
A denúncia da TV alimentou a onda antigovernista. Na semana passada, em que pesquisa revelou queda histórica na popularidade de Fujimori (só 23% dos moradores de Lima, a capital, disseram apoiar o governo), três ministros (Relações Exteriores, da Justiça e da Defesa) renunciaram, e manifestantes foram às ruas pedir o fim do que chamaram de "ditadura".
Anteontem, em outro episódio da crise, o Congresso do país cancelou uma sessão plenária após ministros das pastas militares, acompanhados por cerca de 30 oficiais, entrarem no prédio para pedir por uma sessão secreta. O Parlamento discutia o caso Ivcher.

Próximo Texto: Israel aprova novas casas em Jerusalém
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.