São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Nazistas aparecem na lista de contas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos sete nazistas e um marchand que colaborava com o Terceiro Reich fazem parte da lista de titulares de contas que estavam inativas desde o fim da Segunda Guerra (1939-1945), divulgada na quarta pelos bancos suíços.
Os bancos divulgaram a lista para permitir que donos das contas ou seus descendentes tenham acesso ao dinheiro, avaliado em cerca de US$ 43,7 milhões. A maioria dos quase 2.000 nomes da lista é de judeus que morreram com a perseguição nazista.
Entre outros, o Centro Simon Wiesenthal e o Congresso Mundial Judaico (CMJ) identificaram os nazistas Willy Bauer, Elisabeth Eder e Votch Tuka.
Willy Bauer foi o pseudônimo adotado por Anton Burger, que comandou o campo de concentração de Theresienstadt (na atual República Tcheca).
Elisabeth Eder era mulher de Ernst Kaltenbrunner, o chefe do serviço de inteligência nazista. Votch Tuka foi premiê do regime nazista que governou a Eslováquia de 39 a 45. O marchand é Hans Wendland, que adquiriu obras de arte roubadas de coleções de judeus da França, da Holanda e da Bélgica para vendê-las a clientes como o próprio Hitler.
"Nós sempre soubemos que na lista estariam nomes de nazistas e de seus colaboradores", disse o vice-presidente do CMJ, Kalman Sultanik. Segundo ele, documentos do Arquivo Nacional dos EUA mostram que também dinheiro roubado de vítimas do Holocausto, e não só depositado por elas, foi colocado em bancos suíços por causa do sigilo. O CMJ pediu o confisco das contas dos suspeitos.
Brasil
No Rio, o neto de Guilherme Alberto Lundgren ficou surpreso ao saber que o avô está na lista. Mas ele disse que não tem esperança de encontrar mais de US$ 5.000.
Frederico Lundgren, 53, presidente das Casas Pernambucanas, disse acreditar que o avô a tenha aberto para custear as despesas da mulher, Matilde, que não se adaptou ao agreste pernambucano, onde nasceu a empresa, e voltou para sua terra natal, Alemanha, um ano depois do casamento.
Ele já incumbiu o filho de procurar na Internet informações sobre como reaver o dinheiro. O empresário disse também que espera o pai, de 87 anos, chegar do sul de Minas para ajudar com informações a respeito de Guilherme.
A lista está na Internet (www.dormantaccounts.ch). Até a tarde de ontem, mais de 700 interessados já haviam ligado para a empresa de consultoria de Nova York Ernst & Young, que administra o processo.

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