São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Novo critério provoca 'boom' de diabéticos

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O número de diabéticos no mundo deve dar um salto nos próximos meses -os especialistas reduziram em 10% o valor do resultado do exame de açúcar no sangue (glicemia) que define a doença.
A mudança foi anunciada no último congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA), em junho, nos Estados Unidos.
Na última semana, em Helsinque (Finlândia), os pesquisadores reunidos no 16º Congresso Internacional de Diabetes aumentaram a estimativa do número de diabéticos no mundo de cerca de 100 milhões para 153 milhões.
O valor considerado normal de açúcar no sangue (glicemia) vai de 80 a 110 mg%. Antes, valores acima de 140 mg% mostravam que a pessoa estava diabética. Agora, quem tem mais de 125 mg% já é considerado portador da doença.
Segundo Antônio Roberto Chacra, professor titular de endocrinologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), a mudança nos critérios foi motivada por uma série de estudos estatísticos que revelaram que pessoas com glicemia na faixa superior a 125 mg%, com o tempo, desenvolviam as complicações características do diabetes (insuficiência dos rins, perda da visão, problemas vasculares etc).
Outra recomendação atual é que as pessoas façam checagens anuais da sua glicemia a partir dos 40 anos. Quem tem antecedentes de diabetes na família, leva vida sedentária e está obeso precisa avaliar sua glicemia ainda mais cedo.
Diabetes do adulto
A nova medida deve influenciar principalmente quem ficou diabético na vida adulta (diabetes tipo 2) e tem, inicialmente, níveis de glicemia perto do limite.
O diabetes do adulto acontece por uma resistência maior dos tecidos do corpo à ação da insulina. A insulina funciona como uma espécie de "porteiro" que facilita a entrada de glicose (açúcar) dentro das células.
Quando os tecidos ficam mais resistentes à insulina, o açúcar entra com mais dificuldade nas células e acaba se acumulando no sangue. O diabético -principalmente o adulto- pode ficar sem sintomas durante muitos anos, o que dificulta o diagnóstico. Acredita-se, por exemplo, que metade dos doentes no Brasil não sabe que tem diabetes.
Segundo Chacra, a maioria desses casos pode ser controlada sem uso de remédios. Perder peso, aumentar a atividade física e regular a alimentação podem ser suficientes para equilibrar a glicemia.
Se essas medidas falham, a pessoa pode ter que tomar antidiabéticos orais. O uso de insulina só acontece quando esses remédios começam a não fazer mais efeito.

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