São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Consulado adota ação itinerante

Serviço fica itinerante

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

O crescimento da comunidade brasileira nos Estados Unidos mudou a forma de ação dos consulados no país.
"O governo notou que precisávamos nos aproximar mais da comunidade", explicou o cônsul-adjunto Rafael Vidal, do consulado brasileiro de Nova York.
"Até há pouco tempo, muitos imigrantes tinham medo da gente e nos confundiam com o serviço norte-americano de imigração."
"Nossa função é ajudar os brasileiros. Claro que não podemos confrontar a imigração, mas não estamos aqui para delatar ninguém. Pelo contrário, estamos para assistir quem precisa de ajuda, independente de ser legal ou não", afirma.
Para se aproximar da comunidade, uma das soluções foi criar o consulado itinerante, que se desloca cerca de duas vezes por mês para cidades com boa concentração de brasileiros.
"É uma maneira de levar os serviços consulares, como registro de filhos, casamento, passaporte ou até o simples aconselhamento, a brasileiros que não podem se deslocar até Nova York", disse Vidal.
Segundo dados do consulado, há cerca de 3 milhões de brasileiros no exterior, metade morando fora, metade, em trânsito.
Nos EUA estaria a maior concentração dos imigrantes, cerca de 500 mil. Desse total, 40% estariam vivendo na região sob responsabilidade do consulado de Nova York.
O consulado de Nova York é responsável também pelos brasileiros que estão em Nova Jersey, Connecticut, Pensilvânia, Delaware e Ilhas Bermudas. "Nas Ilhas Bermudas há apenas dois brasileiros, mas são nossa responsabilidade", disse Vidal.
Depois dos EUA, o segundo país com maior número de brasileiros é o Japão. O terceiro, o Paraguai.
Depressão
Além do consulado itinerante, uma outra medida que está sendo adotada é a criação do Núcleo de Voluntários de Assistência a Brasileiros.
O objetivo é reunir psicólogos, sociólogos, pedagogos e voluntários em geral que desenvolvam um trabalho de apoio emocional a brasileiros que morem no exterior.
"Queremos dar uma força a quem esteja precisando. Morar no exterior não é fácil, principalmente para quem ainda vive numa condição de ilegalidade", explicou o secretário.
Estudos desenvolvidos pelo consulado mostram que a angústia e a depressão são as principais preocupações dos brasileiros nos Estados Unidos, principalmente durante o inverno.
Liuba Kiryluk-Putziger, artista plástica paulistana, morando há sete anos em Nova York, ofereceu-se para fazer parte do grupo.
"São coisas mínimas que a gente pode fazer, um simples escutar o que as pessoas têm a dizer, algumas dicas sobre a cidade... Mesmo quem está legal precisa de apoio", disse Kiryluk-Putziger.

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