São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Bancos partem para o mercado externo

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos metade dos 20 maiores bancos brasileiros deve fincar o pé no exterior nos próximos dois anos, sobretudo nos países que são sócios do Brasil no Mercosul -Argentina, Paraguai, Uruguai.
O movimento dos bancos em busca de negócios no mercado internacional se intensificou no último ano. Consultorias especializadas no setor financeiro prevêem que esse grupo de dez bancos deve aplicar de US$ 300 milhões a US$ 500 milhões no exterior até 1999.
Esse investimento se destina a instalações que vão desde a de simples escritórios de representação até a de agências para atendimento às empresas e ao público.
Tudo porque os bancos que já estão lá fora -como o Real e o Itaú, por exemplo- têm grandes planos de expansão, e os que não estão -como Bozano, Simonsen- se preparam para entrar com a ambição de crescer, e muito.
O Bradesco, que tem em Nova York (EUA) um escritório para dar suporte às transações de exportação do Brasil, por exemplo, acaba de formalizar junto ao banco central argentino sua intenção de disputar aquele mercado.
"Já estamos cuidando da parte burocrática. Em um ano, teremos um banco na Argentina", diz Antônio Bornia, vice-presidente.
Inicialmente, conta ele, o Bradesco terá licença para atuar como um banco de varejo. "O que queremos é dar apoio às empresas que transacionam com o Brasil."
O Bozano, Simonsen também está concluindo a papelada para abrir um banco de atacado (para atender a empresas) em Buenos Aires, capital da Argentina.
"Já temos um escritório de representação recém-inaugurado e acabamos de receber autorização para ter um banco", diz Paulo Ferraz, presidente do Bozano, Simonsen.
Ele conta que o banco deverá ser inaugurado até o final deste ano. A Argentina, diz, será a porta de entrada da instituição no exterior.
A meta do banco para 1998 é abrir agências também no Chile e na Venezuela. Em cinco anos, o Bozano, Simonsen pretende estar instalado em todos os países da América do Sul.
"A nossa estratégia é trabalhar com grandes empresas, com fusões e aquisições, mercado de capitais, administração de recursos, crédito para grandes empresas e corretagem de ações. É o que fazemos no Brasil", disse.
Fonte de lucro
Quem está no exterior já vê nos negócios lá fora uma importante fonte de lucro.
O Real, por exemplo, informa que as 37 agências espalhadas pelo mercado externo foram responsáveis por 25% do lucro do banco no ano passado, de R$ 330 milhões.
Renê Aduan, diretor-geral do Real, que deslanchou seu programa de internacionalização na década de 70, diz que as agências (de atacado e varejo) no Mercosul, na Bolívia e no Chile são o carro-chefe no exterior.

LEIA MAIS sobre bancos no exterior na pág. 2-15

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