São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Governo quer incentivar vôos charter

Objetivo é baratear viagens

ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer flexibilizar as regras da aviação civil para tentar baratear as passagens. Um dos objetivos é aumentar o número de vôos charter, que hoje representam apenas 3% do total, quando a média na Europa é de 50%.
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Bolívar Moura Rocha, disse à Folha que os consumidores já podem esperar mudanças nas regras nos próximos meses.
Segundo ele, o aumento de 7,35% concedido ao setor na última semana -que revoltou até o presidente da Embratur, Caio Carvalho- é justificado pelo aumento dos custos das empresas.
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Folha - As passagens aéreas brasileiras estão hoje entre as mais caras do mundo. Por que o governo autorizou reajuste de 7,35%?
Bolívar Moura Rocha - Nossa tarifa básica não é mais alta. É que, em outros países, há uma gama enorme de tarifas promocionais alternativas que nós não temos.
Então, nossa idéia é promover nos próximos meses a desregulamentação do setor para tentar explorar esse filão. Um dos objetivos é facilitar o funcionamento dos vôos charter, por exemplo, que hoje respondem por 3% do total.
Isso, entretanto, não elimina a necessidade de analisar a situação econômico-financeira das companhias no Brasil e proceder a um reajuste de tarifas caso se constate evolução importante de custos.
No caso específico dos combustíveis, a evolução dos custos das companhias conheceu um incremento da ordem de 35% no espaço de um ano.
Folha - Por que os aumentos das tarifas de ônibus internacionais e interestaduais já não são concedidos de forma não linear, como acontece com as tarifas de telecomunicações e energia?
Rocha - O ministério que trata desse assunto é o dos Transportes, e me parece que ele já anunciou, ainda que com certo atraso em relação aos outros setores do serviço público, a disposição de vir a dar um tratamento diferenciado para cada uma das empresas.
Também sei que está na pauta do Ministério dos Transportes estimular a concorrência com a concessão de novas linhas.
Esse é o melhor meio de assegurar que haja oferta de serviços com tarifas adequadas. Mas é verdade que, na área de transportes, há de fato muito caminho para ser trilhado ainda.
Folha - Como está se dando a mudança no trabalho de controle dos preços do governo com as privatizações?
Rocha - A privatização das telecomunicações e energia elétrica vai operar uma alteração significativa na forma de trabalhar do Executivo.
Como em outros lugares do mundo onde esses serviços de infra-estrutura estarão sendo privatizados por um regime de concessão, o regime tarifário será definido contratualmente, no momento da montagem e modelagem da privatização.
Haverá a convivência de duas coisas básicas. A primeira é uma fórmula contratual de reajuste periódico. A outra é uma revisão do patamar das tarifas, feito em prazos mais longos.
No momento da revisão do patamar, o governo, por meio das agências reguladoras, volta à cena, analisa a situação da concessionária e do mercado como um todo e define se é o caso de fazer um ajuste no patamar de tarifas.
Folha - Junto com a Fazenda?
Rocha - A Lei de Concessões prevê um período de transição, que varia de caso para caso, durante o qual o Ministério da Fazenda e o ministério setorial vão continuar acompanhando preços.

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