São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Seleção 'mentaliza' o caminho da cesta

DEBORAH GIANNINI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Desperte a guerreira interior que existe em você."
Apesar de parecer um trecho de um livro de Paulo Coelho, esse é um dos exercícios de preparação mental aplicado à seleção brasileira feminina de basquete durante treino para a Copa América.
A quatro dias do primeiro jogo amistoso com o Canadá, a seleção se arma psicologicamente com sessões diárias, de 20 minutos, de preparação mental.
A técnica também foi adotada durante os treinos para o Mundial da Austrália, em 94, e a Olimpíada de Atlanta, em 1996, e, segundo o técnico da seleção, Antonio Carlos Barbosa, influenciou os resultados: a medalha de prata em Atlanta e o título de campeã mundial.
"Um bom condicionamento físico não garante vitória se a jogadora não estiver equilibrada", diz o preparador físico Hermes Ferreira Balbino, responsável também pela preparação mental da seleção.
Depois do treino físico-tático na quadra, as jogadoras vão para um ambiente silencioso, tiram o tênis, deitam e fecham os olhos.
"É um trabalho de consciência corporal. Como estamos próximos ao jogo, digo para elas despertarem o guerreiro interior", diz.
Depois do relaxamento, o preparador descreve situações de jogo que elas devem imaginar. O estádio lotado e o time perdendo de um ponto a trinta segundos do final da partida é um exemplo.
Cada atleta mentaliza como agiria diante da situação. O objetivo é melhorar o equilíbrio e o poder de resolução na quadra. Além disso, tentar diminuir a expectativa e aumentar a confiança das jogadoras.
"A atleta começa a se soltar quando não tem autocobrança. Tirar isso dela melhora seu rendimento", diz o preparador físico do Polti Vaporetto/Santo André, Gelson Gomes, o "Barata".
O Polti há dois anos faz o trabalho mental com uma psicóloga.
"O que segurou a equipe foi que cada uma sabia seu valor dentro do time", afirma Gomes.
O BCN/Osasco contava com duas psicólogas até o ano passado.
A seleção utiliza esse recurso a partir do programa específico para basquete criado por Léo Riso de Oliveira, orientador de treinamento mental nos esportes.
A neurolinguística também é utilizada na seleção, só que nos treinos para corrigir movimentos.
Evita-se o uso de frases negativas, com a palavra "não".
"Em vez de falar 'não pega o rebote dessa forma', eu digo 'pegue o rebote assim"', diz Balbini.
Paula acredita que a preparação mental é "boa para descansar".
"O meu rendimento melhorou. Quem acha que vale a pena deve fazer. Eu faço mentalização em casa antes do jogo", diz Paula.

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