São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Contradição

RODRIGO BUENO

Na ambição de ter o "maior campeonato do mundo", brasileiros e espanhóis fizeram alterações no número de equipes de seus torneios nacionais. As mudanças, antagônicas, refletem a diferença entre os responsáveis pelo futebol nos dois países.
Apiedados do "grande" Fluminense, os dirigentes brasileiros aumentaram de 24 para 26 os times na primeira divisão. Já os espanhóis, pouco acomodados com o fato de terem promovido o campeonato mais badalado do planeta, reduziram de 22 para 20 o número de clubes.
Quem terá escolhido a melhor solução? Prefiro acreditar que foram os espanhóis, afinal eles organizaram na temporada passada um torneio com média de 23.804 pagantes por partida, mais que o triplo da média do Brasileiro-96. Quase 11 milhões de torcedores (mais de 1/4 da população da Espanha) foram aos estádios daquele país.
Em geral, os principais campeonatos europeus possuem 18 clubes -além do Espanhol, o Inglês e o Francês contam com 20. Na Espanha, o torneio teve 22 times nas últimas três temporadas por razões econômicas. Devido ao lucro garantido com as partidas, as equipes ganham mais realizando 42 jogos (número da temporada 96/97) do que fazendo 38 atuações (número da próxima temporada). O raciocínio é parecido com o da NBA, a liga de basquete dos EUA, que tem uma temporada regular longa, porém vantajosa para os cofres dos clubes.
Mas, no melhor estilo "o que se ganha aqui se perde ali", percebe-se que, com o calendário "inchado", os times acumulam fracassos, especialmente em competições internacionais. Além disso, os milionários patrimônios dos clubes, os jogadores -hoje os bons têm rescisão contratual superior a US$ 100 milhões-, podem se deteriorar com a maratona de jogos e dar grande prejuízo. Com essa balança comercial, os espanhóis se viram obrigados a "enxugar" seu campeonato.

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