São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Greve de ônibus deixa Recife paralisada

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Recife (PE) teve ontem um dia de "quase feriado" em virtude da greve dos motoristas e cobradores de ônibus, iniciada à 0h.
A adesão da categoria "foi total", segundo o Sindicato dos Rodoviários. Com isso, cerca de 2.500 ônibus deixaram de circular.
A paralisação acontece dois dias depois do fim da greve dos policiais militares, que durou 12 dias.
Não houve depredação de ônibus nem conflitos, mas a paralisação tumultuou a vida de pelo menos 1,7 milhão de pessoas -número de passageiros que utilizam os ônibus diariamente na região metropolitana de Recife, segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).
O presidente da EMTU, Oswaldo Lima Neto, fez apelos à população para que evitasse sair de casa sem necessidade. O metrô teve procura 50% superior à dos outros dias. Kombis e Bestas superlotaram.
A tarifa básica nesses veículos é idêntica à dos ônibus, entre R$ 0,55 e R$ 1, mas ontem os preços foram até três vezes maiores. O comércio teve uma queda nas vendas de até 50%, segundo a CDL (Câmara dos Diretores Lojistas).
O número de automóveis em trânsito aumentou cerca de 30%, segundo o Detran, provocando engarrafamentos em algumas áreas, como no bairro de Boa Viagem (zona sul da cidade).
Os rodoviários reivindicam 36,88% de reajuste salarial. Com isso, o salário do cobrador passaria de R$ 270 para R$ 370; o de um motorista, de R$ 510 para R$ 698.
Os empresários dizem que, com a greve, as empresas deixaram de arrecadar R$ 500 mil. Eles dizem que não podem conceder reajuste "sem repassá-lo para as tarifas".
O repasse para as tarifas é rejeitada pela EMTU (órgão do governo estadual que normatiza o sistema de transporte coletivo em Recife) e pelo Sindicato dos Rodoviários.
À tarde o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) começou a julgar o dissídio dos rodoviários. Até as 18h o julgamento não havia terminado. Os empresários querem que o TRT considere a greve ilegal. Os trabalhadores fariam assembléia após o julgamento para decidir se continuariam o movimento hoje.
"Num dia a gente leva queda, no outro leva coice", disse o fotógrafo José Carlos da Silva, 32, que utilizou Kombis e gastou R$ 6 em vez dos R$ 2 que gastaria com ônibus.

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