São Paulo, sábado, 2 de agosto de 1997
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Déficit comercial pula para US$ 800 mi

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial de julho fechou com déficit de US$ 800 milhões. Até a última quarta-feira, o saldo negativo era de cerca de US$ 610 milhões.
Até anteontem, as previsões eram de que os resultados do último dia de julho não elevassem o rombo a mais de US$ 650 milhões. Pesaram na reversão dessa projeção importações da Petrobrás, da ordem de US$ 194 milhões.
As exportações do mês bateram recorde histórico. Somaram US$ 5,25 bilhões, o que significa que cresceram 8,4% em relação a junho e 17,7% em comparação com julho do ano passado.
Os dados sobre os embarques ainda não foram desagregados, mas há a expectativa de que o peso dos produtos manufaturados tenha crescido.
O desempenho exportador, entretanto, não foi suficiente para reduzir a margem de diferença com as importações, que totalizaram US$ 6,05 bilhões.
A cifra é 13,9% maior que a de junho e cresceu 26,2% em comparação com julho de 1996.
O resultado das importações de julho frustra a expectativa da equipe econômica, que previa um saldo de até US$ 600 milhões e a diminuição da taxa de crescimento das importações para este semestre.
Desde maio, quando houve queda nas compras externas de 11,6% em relação a abril, houve recuperação progressiva das importações. Em junho, aumentaram 7,7% em comparação com o mês anterior. Em julho, mais 13,9%.
A média diária de importações de julho chegou a US$ 263 milhões. Só não é maior que a de dezembro de 1996 (US$ 278,8 milhões) e de abril deste ano (US$ 265,4 milhões).
Mesmo as medidas adotadas pelo governo para restringir o crédito para as importações e para eliminar a compra externa de máquinas e equipamentos com isenção fiscal não garantem o recuo esperado ao longo deste semestre.
Na avaliação do secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, ambas as medidas devem reduzir as importações, principalmente no final do ano, quando, tradicionalmente, ganham impulso.
A primeira dessas medidas teria peso na redução das importações sazonais de bens de consumo. A segunda inibiria a antecipação de importações de bens de capital programadas para 1998.
Embora não divulgue suas estimativas, a SPE concorda com as realizadas por instituições financeiras. As contas do Citibank fechadas nesta semana apontam déficit de US$ 11 bilhões neste ano.
Por enquanto, o saldo negativo acumulado nos sete primeiros meses do ano consumiu a metade dessa cifra. Chega a US$ 5,51 bilhões e é 8,5 vezes maior que os US$ 646 milhões registrados no mesmo período de 1996.
Petróleo e aviões
A Petrobrás importou em julho cerca de US$ 598 milhões, incluindo óleos minerais. O volume não destoa dos verificados desde maio e foi comunicado pelo DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) ao Ministério da Fazenda.
Foi, portanto, contabilizado nas estimativas preliminares deste mês. O que não se previa era a concentração de quase metade desse volume nos últimos dias de julho.
A Folha apurou que, apenas em um dia da semana passada, o déficit foi de US$ 150 milhões por conta dessas compras externas de derivados de petróleo.
Até a quarta semana do mês (19 dias úteis), a média diária de importação de combustíveis mais óleos minerais era de US$ 20 milhões. Nos últimos quatro dias, subiu para US$ 26 milhões.
A importação de três aviões comerciais no dia 2 de julho foi o item que surpreendeu e acentuou o desequilíbrio esperado nas contas deste mês. A compra representou US$ 187 milhões e elevou o total de importação somente daquele dia a US$ 390 milhões.

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