São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Novos antidepressivos são mais eficazes

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma nova geração de drogas contra a depressão promete o que nenhum dos remédios conseguiu até hoje: eficácia superior aos antidepressivos clássicos com pouquíssimos efeitos colaterais.
Composta por drogas teoricamente mais potentes e seletivas, essa nova geração -que tem como representantes atuais o Remeron e o Effexor- enfrenta no Brasil o baixo custo e a "confiança" dos médicos na eficácia dos remédios mais tradicionais.
Conjugar potência e baixo perfil de efeitos colaterais não é um passo fácil. Os antidepressivos atuam sobre os neurotransmissores -substâncias que fazem o "contato" entre as células do sistema nervoso central (neurônios).
O problema é que existem vários sistemas de neurotransmissores. Ao equilibrar a noradrelanina e a serotonina -dois dos sistemas que estão alterados nos pacientes com depressão-, muitos remédios mexem com outros neurotransmissores, o que leva a um grande número de efeitos indesejáveis.
Sedação, tontura, boca seca, ganho de peso, dificuldades para urinar, prisão de ventre e problemas sexuais são efeitos comuns dos medicamentos mais clássicos -chamados de tricíclicos.
Os tricíclicos, os mais vendidos no Brasil, atuam em diversos sistemas de neurotransmissão.
Os principais integrantes desse grupo são: Tryptanol, Anafranil, Tofranil e Pamelor.
O mais "velho" desse grupo e também "pai" de todos os antidepressivos -o Tofranil- completa 40 anos em 1997.
Denise Gama de Souza, psiquiatra do departamento de saúde mental da Santa Casa de São Paulo, explica que muito pouco se ganhou em termos de eficácia desde a descoberta do Tofranil.
Desafio
Cerca de 40% dos pacientes não respondem ao primeiro remédio usado e muitos têm apenas uma recuperação parcial. Melhorar esse resultado sem acrescentar riscos e sintomas indesejados é o grande desafio dos novos remédios.
Para tentar contornar o problema, no final dos anos 80, a indústria farmacêutica lançou os inibidores seletivos da recaptura da serotonina (ISRS) -que atuam especificamente sobre o sistema da serotonina e deixam os demais sistemas mais intactos. Exemplos são o Prozac, Zoloft e Aropax.
Os ISRS são mais fáceis de administrar, mais seguros e não têm os efeitos colaterais dos tricíclicos.
Porém, eles não superam a eficácia dos clássicos e introduzem alguns novos efeitos colaterais (em geral, mais toleráveis) como náusea e cefaléia (dor de cabeça).

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