São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Eletropaulo acerta dívida com Light/Par Acordo de R$ 1 bi deve sair nesta semana MAURO ARBEX
A Eletropaulo, maior distribuidora de energia elétrica do país e que pode ser privatizada ainda este ano, e a Light/Par, empresa controlada pela Eletrobrás, podem assinar nesta semana acordo para o pagamento de uma dívida da estatal paulista com a empresa federal do início da década de 80. A divergência entre as empresas em relação à forma de correção dessa dívida, que levou a uma longa negociação, teria sido finalmente contornada. Segundo o secretário de Energia de São Paulo, David Zylbersztajn, chegou-se a um valor em torno de R$ 1 bilhão, um meio-termo, conforme ele, em relação ao calculado pelas partes envolvidas. "Não há mais problemas técnicos. Falta apenas o aval do presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio. Esperamos poder assinar o acordo durante esta semana", afirmou à Folha na sexta-feira o secretário de Energia. Divisão da Light A dívida da Eletropaulo surgiu quando a antiga Light, que distribuía energia no mercados paulista e carioca, foi dividida, em 1981. Os ativos que a Light possuía em São Paulo -como subestações de energia, terrenos e móveis- constituíram, na ocasião, a Eletropaulo. O governo paulista, porém, não fez na época qualquer desembolso na operação. Em compensação, garantiu à Light uma participação acionária na Eletropaulo, por meio de ações preferenciais (sem direito a voto). A Light ficou também com créditos a receber junto à Eletropaulo de cerca de US$ 400 milhões. Esses direitos foram transferidos no começo do ano passado à Light/Par, que surgiu com a cisão da Light em duas empresas. Com a operação, a parte saudável da Light -a Light/Rio- pôde ser privatizada. Dividendos As ações preferenciais davam direito à Light de receber dividendos anuais mínimos mesmo que a Eletropaulo desse prejuízo, apurou a Folha. Esses dividendos, porém, não chegaram a ser pagos integralmente pela Eletropaulo em diversos anos. Com isso, a dívida não parou de crescer. Em 1993, o governo paulista rejeitou pagar à Light US$ 800 milhões, por considerar que o cálculo estava superestimado. Zylbersztajn afirma que "o acordo a ser assinado é bom para as duas partes. Para a Eletropaulo, significa eliminar um passivo duvidoso e que poderia gerar incerteza para o investidor interessado na compra da empresa". O secretário preferiu, porém, não detalhar de que forma será feito o acerto com a Light/Par, "para não atrapalhar as negociações finais". Conversão em ações Uma das alternativas prováveis, de acordo com Sérvulo Lima, analista do setor de energia elétrica do banco Bozano, Simonsen, é que o acordo seja feito via conversão desses créditos da Light/Par em ações da Eletropaulo. "Com isso, a Light/Par garantiria uma participação ainda maior no capital de uma das empresas de energia do país que deve atrair o maior interesse do capital privado." Texto Anterior: As empresas do futuro Próximo Texto: Montadoras têm maior concorrência Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |