São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Ação policial traz de volta risco político

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A rebelião e as greves da Polícia Militar em vários Estados e a ocupação das ruas pelo Exército em Alagoas e Pernambuco ressuscitaram o risco político entre as preocupações das empresas estrangeiras interessadas no Brasil.
A avaliação é da Early Warning, de Brasília, empresa de consultoria especializada em análises de risco político de investimentos estrangeiros em países emergentes.
Segundo a empresa, também preocuparam os investidores dois outros casos recentes: o escândalo da compra de votos para a reeleição e os ataques do ministro Sérgio Motta à equipe econômica.
Alexandre Barros, da Early Warning, disse que houve uma mudança na natureza das consultas sobre o Brasil. Há quase três anos os investidores não perguntavam sobre instabilidade política.
"A orientação era positiva. Havia incerteza, mas não tinham medo. Era céu de brigadeiro. Agora, de repente, deu um susto, acontecendo coisas que não estavam no horizonte dos investidores", disse.
Segundo Barros, as denúncias do "Senhor X", reveladas pela Folha, sobre a compra de votos trouxeram à tona memórias do governo de Carlos Salinas, no México, e a pergunta: "E se o governo Fernando Henrique for tão corrupto quanto era o de Salinas e ninguém sabia?"
Paulo Leme, da Goldman Sachs, de Nova York, disse que a mudança de conteúdo das consultas é natural porque os investidores têm o direito de reavaliar riscos.
"São casos episódicos, preocupantes, mas de forma alguma vão reduzir o fluxo esperado de investimentos recordes para o país."
Takanori Suzuki, da Deloitte Touche Tohmatsu, concordou com Leme: "Nossos clientes vêem como um sinal de democracia as manifestações por melhores salários e as dificuldades do governo com suas reformas no Congresso".
George Roth, presidente da Ernst & Young, disse que o problema político do presidente é manter a coalizão no Congresso. "Os investidores temem a lentidão e uma eventual paralisia das reformas porque têm pressa na redução da elevada carga tributária."

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