São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Peças de Rasi ultrapassam fronteiras

ERIKA SALLUM
DA REDAÇÃO

Bulgária, México, Argentina, Chile, Venezuela. O dramaturgo e diretor Mauro Rasi quebrou de vez as fronteiras do teatro brasileiro.
Uma das peças mais famosas do autor, "Pérola", sucesso em temporadas no Rio e em São Paulo, vista por mais de 300 mil pessoas em 18 cidades do Brasil, será encenada nesses cinco países.
A montagem argentina é a primeira a subir ao palco, em janeiro de 98. O espetáculo tem estréia marcada para acontecer em Mar Del Plata, indo em seguida para Buenos Aires.
Para viver Pérola-que no Brasil é interpretado por Vera Holtz-em terras portenhas, foi escolhida a atriz argentina Soledad Silveyra.
A direção, assim como no Brasil, ficará a cargo de Rasi. "Meu teatro, visceral, tem de ser feito por mim. Tenho medo de que o intelectualizem. É como uma obra de Fellini, por exemplo, que não pode ser dirigida por Antonioni, apesar de sua genialidade", explicou o dramaturgo à Folha.
Nos outros países, quando ele não puder dirigir, além de acompanhar o processo de trabalho, o autor terá um assistente para representá-lo.
Boom
O "boom Pérola" teve início quando Mauro Rasi passou a receber, por meio da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), diversos pedidos da Argentina para encenar sua peça.
Até que Sérgio Mamberti o apresentou à jornalista argentina Mônica Mayer, que virou tradutora do texto para a língua espanhola.
"Como não conhecia muito bem a Argentina, a Mônica filtrou esses pedidos, até que chegamos a Gustavo Levit, o produtor do espetáculo naquele país", disse o dramaturgo.
Em setembro, o elenco portenho virá ao Brasil para assistir a "Pérola", que vai reestrear, no dia 5 desse mês, no teatro Jardel Filho, em São Paulo.
Assim que vendeu os direitos de seu texto para a língua espanhola, surgiram pessoas interessadas em montá-lo na Venezuela, Colômbia e México.
Em julho, a atriz espanhola Carmem Maura, estrela dos filmes de Pedro Almodóvar, veio ao Brasil para conversar com rasi e levar a peça para a Espanha. "Sempre achei que Carmem era a 'Pérola' no cinema", define o dramaturgo.
Uma grande surpresa, no entanto, foi quando Rasi foi procurado por uma pessoa interessada em levar "Pérola" para a Bulgária.
A búlgara Maya Maskova fará a tradução do espetáculo, que deve entrar em cartaz no país europeu no ano que vem. Um diretor turco vai estar à frente da empreitada.
Outra obra do dramaturgo será montada na Argentina: "A Dama do Cerrado", que, na terra de Menem, passa a ser "La Dama de la Rosada".
Para integrar o elenco, cogita-se o nome da atriz Esther Goris, que protagonista a versão latino-americana do filme "Evita" (96).
"A Dama do Cerrado" estreou em São Paulo em março deste ano e satiriza o mundo da política de Brasília.
"Tivemos que fazer algumas adaptações no texto. FHC, por exemplo, deve virar Carlos Menem etc.", explicou. (leia texto ao lado)
Cidadão do mundo
Nascido na cidade de Bauru (345 km a noroeste de São Paulo), Mauro Rasi diz não ter receio de seu trabalho estar se alastrando para outros países.
Segundo ele, "Pérola", comédia sobre uma família do interior, toca as pessoas independentemente de suas nacionalidades. "Ela ensina a aceitarmos nossos parentes do jeito que eles são, e isso é universal." "Além do mais, sou um caipira atrevido", finaliza, dando gargalhadas.

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