São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997 |
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Mamonas inspiram álbum
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Só a filiação ao humor vulgar -e infantil- pode explicar o estouro de música como "2345meia78" (muito por conta do sample da base de "Good Times", do Chic), imersa num sem-número de gracinhas sem graça. Na linha Mamonas não-assumido, vão faixas como "Bala Perdida" -que chora a violência pela ótica torturada da... bala!- ou "Festa da Música", em que celebra o establishment MPB e luminares como Chitãozinho e Xororó e Mamonas -só omite, não sem querer, os rappers tupiniquins. O rap, por sua vez, vem maltratado, transformado em charm de butique. A temática é bem-intencionada, mas o som mostra-se cada vez menos convincente. Distante como nunca da melodia, Gabriel apela para refrões já conhecidos para transformar rap em pop. Assim, Frejat canta trecho de "Por Que Que a Gente É Assim"; Evandro Mesquita vai de "A Dois Passos do Paraíso", uma má cantora transforma trechos de "Saúde", de Rita Lee, em refrão da não-música de Gabriel. No momento mais inspirado do disco, o rapper critica o desemprego em ritmo de pagode, já indiretamente criticando o pagode. Mas "Dança do Desempregado", diluída no contexto do CD, parece mais homenagem à boquinha da garrafa, retratando um jovem precocemente esmorecido. (PAS) Disco: Quebra-Cabeça Artista: Gabriel, o Pensador Lançamento: Sony Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Gabriel, o Pensador, volta isolado do rap Próximo Texto: Artista apela para fãs na Internet Índice |
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