São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
Próximo Texto | Índice

Começam negociações sobre Coréias

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Representantes de quatro países (EUA, China e as Coréias do Sul e do Norte) deram ontem na Universidade Columbia, em Nova York, um primeiro passo para chegar a um acordo de paz definitivo entre as duas Coréias.
O objetivo é reduzir a tensão na região, dividida entre o Norte, comunista, e o Sul, capitalista, desde a Guerra da Coréia, que acabou em 1953, quando foi acertado um cessar-fogo, mas não um tratado de paz definitivo (leia texto abaixo).
A reunião de ontem, que deve prosseguir hoje, tinha como objetivo definir a agenda e o local dos futuros encontros para discutir os termos do acordo.
Um dos motivos para a Coréia do Norte ter aceitado negociar uma aproximação com a do Sul é a forte crise econômica que o país atravessa, agravada desde o início dos anos 90, quando a derrocada dos regimes socialistas lhe tirou importante base de sustentação.
Além dos encontros entre os quatro países, a Coréia do Norte terá, como pretendia, reuniões bilaterais com os Estados Unidos.
Os norte-coreanos devem receber nova ajuda financeira do governo Clinton, que já lhes deu US$ 60 milhões em comida. O Departamento de Estado estuda fornecer outros US$ 52 milhões em alimentos para o país.
O Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas tem relatado que o país vive uma situação catastrófica. Uma seca que dura mais de dois meses já devastou 70% das lavouras de milho norte-coreanas e deixando milhões sem alimento.
A Coréia do Norte pretende, também, convencer os Estados Unidos a retirar seu boicote econômico contra ela. Atualmente, empresas norte-americanas são proibidas de investir no país.
No início da reunião, Charles Kartman, um dos negociadores dos EUA, preferiu manter "os pés no chão" em relação a uma nova política econômica para a região.
"É muito cedo para falarmos sobre isso, as negociações ainda estão só começando", declarou. "O encontro de hoje (ontem) tem uma importância simbólica. As discussões para valer acontecerão numa outra fase."
Quando as negociações efetivamente começarem, os EUA pressionarão os norte-coreanos a parar de fabricar mísseis e a mudar sua política militar. "É o primeiro ponto de que iremos tratar."
Kartman confirmou ainda que EUA e Coréia do Norte estudarão o estabelecimento, pela primeira vez na história, de relações diplomáticas entre os dois países.

Próximo Texto: Divisão da península é herança da Guerra Fria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.