São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Rei da Jordânia cancela visita a Israel

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O rei Hussein, da Jordânia, cancelou visita a Israel, prevista para hoje, em claro sinal de desaprovação às medidas que o governo Binyamin Netanyahu adotou contra os palestinos.
Hussein mandará, em seu lugar, o irmão, príncipe Hassan, e o primeiro-ministro.
A visita de Hussein havia sido oficialmente anunciada na véspera pelo próprio gabinete de Netanyahu. O cancelamento indica o crescente isolamento do governo israelense, pelo menos na arena internacional.
O líder palestino Iasser Arafat, ao contrário, obteve apoio da Liga Árabe e do presidente egípcio, Hosni Mubarak.
"Enfraquecer a Autoridade Palestina é muito, muito, perigoso", disse Mubarak, anfitrião de reunião especial da Liga Árabe convocada a pedido de Arafat.
O líder palestino quer envolver ainda mais países no que chama defesa do acordo de paz. Lembrou que não se trata de um entendimento bilateral Israel/palestinos, ao dizer:
"Foram assinados na Casa Branca, sob a supervisão do próprio presidente Clinton, da União Européia, da Rússia, da Noruega e na presença do Japão, do Egito e da Jordânia".
Arafat já obteve apoio da Liga Árabe, cujo comunicado acusa Israel de "sabotar o processo de paz" e "humilhar o povo palestino", uma linha de raciocínio idêntica à do presidente da ANP.
Os israelenses, ao contrário, só têm obtido críticas. O chanceler, David Levy, esteve ontem no Egito e ouviu do presidente Hosni Mubarak a avaliação de que as retaliações adotadas por Netanyahu "podem ter consequências perigosas". A mais perigosa, sempre segundo Mubarak, é "pôr em questão a estabilidade em toda a região".
É uma frase eloquente quando se sabe que Egito e Jordânia são os dois únicos vizinhos de Israel com os quais o Estado judeu concluiu acordos de paz.
Arafat, no encontro com as autoridades jordanianas, também acenou com crescente instabilidade. Disse que os problemas na margem Ocidental do rio Jordão (ocupada por Israel, mas habitada predominantemente pelos palestinos) podem espraiar-se para a margem Oriental (o lado jordaniano, também de população palestina, na maioria).
Ainda na frente externa, Israel voltou ontem a atacar redutos do Hizbollah, no sul do Líbano, matando três civis. Foi em retaliação a ataque do grupo extremista a uma unidade do Exército do Sul do Líbano, corpo militar fantoche de Israel, que controla parte do sul do país. Um soldado foi ferido. Na véspera, Israel havia penetrado em território libanês e matado cinco guerrilheiros do Hizbollah.
(CR)

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