São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amigos ficam 16 h nas mãos de ladrões

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O supervisor do Banespa Cláudio Cardoso de Melo, 38, e a costureira Maria Eunice Oliveira Leite, 38, ficaram 16 horas nas mãos de dois assaltantes que os obrigaram a fazer quatro saques em caixas eletrônicos e bancos, somando um total de R$ 6.050.
A ação dos ladrões começou anteontem às 20h. Melo saiu de uma padaria na rua João Cordeiro, na Freguesia do Ó (zona norte de São Paulo), e encontrou Maria Eunice, que é sua amiga.
Quando os dois estavam se despedindo e Melo abria a porta de seu Pointer, os assaltantes chegaram. Armados com revólveres, eles empurraram o supervisor bancário para o banco traseiro. Também agarram Maria Eunice e a colocaram no banco dianteiro.
Meia hora depois, estavam na Vila dos Remédios (zona noroeste), onde pararam num caixa eletrônico. No primeiro saque, forçaram Melo tirar R$ 200. Depois, foram até Pirituba (zona noroeste), onde sacaram mais R$ 350.
Viagem
Em vez de libertar os reféns, os assaltantes decidiram viajar. Foram à Baixada Santista, alugaram um quarto de motel e passaram a noite com Melo e Maria Eunice.
"Eles nos mantiveram sob vigilância, mas não nos maltrataram", afirmou o supervisor. Os ladrões tomaram banho e compraram uma pizza.
Na hora de dormir, fizeram um revezamento -enquanto um dormia, outro ficava acordado vigiando os reféns.
Novamente, os assaltantes levaram os reféns para caixas eletrônicos. Na primeira parada de ontem, sacaram mais R$ 500.
"Mesmo assim, eles disseram que queriam mais, pois haviam visto o saldo de uma de minhas contas", afirmou.
Pararam em uma agência do banco Itaú na Lapa (zona noroeste), onde Melo foi obrigado a retirar R$ 5.000 no caixa. "Eles haviam dito que nos libertariam após esse saque, mas mudaram de idéia", disse o supervisor.
A última parada foi às 11h25, na avenida Santa Marina, na Freguesia do Ó. A agência novamente era do banco Itaú. Melo entrou no banco com um dos ladrões que, como das outras vezes, o acompanhava desarmado. No Pointer, o outro assaltante mantinha uma arma apontada para Maria Eunice.
Um segurança desconfiou do pedido -os ladrões queriam que Melo retirasse mais R$ 10 mil. "A gerente me chamou, e o assaltante gritou: 'Você vem comigo'. Como eu não fui, ele fugiu", disse.
"Ele (o ladrão) entrou no carro querendo me matar", disse Maria. Policiais da Delegacia de Roubo a Bancos perseguiram os ladrões, que abandonaram o carro e a refém no Parque São Domingos (zona noroeste). Ninguém foi preso.

Texto Anterior: SP lidera denúncias de abuso de crianças
Próximo Texto: 3 mulheres e 2 crianças são mantidas como reféns
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.