São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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D.B. tenta fechar acordo com os credores

ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A maior rede brasileira de lojas de brinquedos, a D.B. Brinquedos S/A, com 32 pontos-de-venda espalhados pelo país, tem prazo até amanhã para reestruturar sua dívida, estimada em R$ 30 milhões.
A Folha apurou que entre os maiores credores da rede estão o Banco de Crédito Nacional (R$ 6,8 milhões) e o J.P. Morgan (R$ 7,7 milhões). A D.B. ainda deve cerca de R$ 10 milhões para fornecedores e tem R$ 5 milhões em impostos atrasados.
As partes têm interesse em uma solução rápida para não perder a oportunidade de vendas do Dia das Crianças, em outubro. Sem acordo, a rede pode ser fechada.
A J.P. Morgan Capital Corporation, do banco J.P. Morgan, que detém 35% das ações da D.B., sendo 20% do capital votante (ações com direito a voto), diz que aposta na recuperação da empresa.
Os fornecedores estão reticentes. A maioria só entrega mercadoria contra pagamento à vista.
Paulo Benzotti, gerente nacional de vendas da Gulliver, disse que só volta a vender para a D.B. depois de uma proposta concreta. "Não dá mais para assumir riscos."
A Grow, segundo João Nagano, gerente de marketing da empresa, também só volta a negociar com a D.B. se a situação for resolvida.
Mario Adler, presidente do Conselho de Administração da Abrinq (associação dos fabricantes), negou interesse em assumir as lojas. "Sei que os fabricantes gostariam que eu voltasse a atuar no ramo, mas não estou disponível. Posso ajudar como consultor", afirmou.
Hipóteses na mesa
A Folha apurou que, entre os desfechos possíveis para a crise, estão a venda da empresa, a transferência de seu controle a diretores e a transformação da dívida em ações.
Eduardo Armando, diretor comercial da D.B. Brinquedos, disse que espera implementar o plano em 15 dias, após fechar o acordo com os credores. Ele afirmou que o plano não se limita à reestruturação dos passivos. "É um plano de reestruturação estratégico, operacional e também financeiro."
Na hipótese de transferência de controle, a D.B. Brinquedos poderia ser assumida pelo próprio Eduardo Armando e outros dois diretores: Amilton Rochel da Silva, da área administrativa, e Tan Roque Guan, do setor financeiro.
Esse plano de reestruturação, que foi apresentado aos fornecedores pelos três diretores, não determina que serão eles que vão implementá-lo, afirmou Armando.
Quanto à possibilidade de a dívida ser transformada em ações, a Folha apurou que é a saída que menos entusiasma a maioria dos fornecedores.
Perfil da empresa
Os problemas da D.B. não são recentes. Desde o início de 96, a empresa procura um sócio com auxílio do Unibanco. Nos primeiros seis meses tentou achar um interessado no exterior. A partir do segundo semestre do ano passado concentrou a busca no Brasil.
Procurado pela Folha, o Unibanco não se manifestou.
A D.B. Brinquedos é controlada pelo empresário Adelino Pimentel e sua mulher. Juntos eles detêm cerca de 60% das ações. O J.P. Morgan tem 35% e os 5% restantes são dos diretores-executivos.
A D.B. responde por quase 7% das vendas de brinquedo no varejo. No ano passado, o faturamento da empresa foi de R$ 60 milhões.

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