São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997 |
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Havelange está 'peitando' FHC
MATINAS SUZUKI JR.
Havelange é um homem ao qual o futebol deve muito. Sua estratégia de globalizar o esporte mostrou-se totalmente correta nos últimos anos. Se o futebol inicia o novo século e o novo milênio como o esporte planetário por excelência, o idealizador e realizador dessa expansão é, sem dúvida, João Havelange. Mas isso não dá a Havelange o direito de, movido a interesses pessoais, tentar impedir a inadiável modernização do futebol brasileiro. Se o futebol virou um grande negócio para os times, para os jogadores, para os torcedores na Europa, por que não poderá virar no Brasil? É só por que os inimigos de Havelange na Europa conseguiram implementar um modelo continental de gestão do futebol que está dando certo? É só por que os inimigos de Havelange -no caso Pelé- estão tentando implantar um modelo de gestão de futebol que poderá significar o fim das panelinhas que se locupletam -enquanto os estádios estão vazios e os times endividados? Então, presidente Havelange, o futebol brasileiro deverá para sempre ser prisioneiro desse feudo ultrapassado administrativamente e fora do controle das leis do país? Havelange vai sair da Fifa. Como tudo indica, dificilmente fará o seu sucessor. Restará a ele tentar manter a influência política sobre a Confederação Brasileira de Futebol. Se os clubes se modernizarem no Brasil, eles tentarão mudar o comando político do futebol. E aí Ricardo Teixeira, do grupo Havelange, terá que disputar o espaço político com outras forças emergentes. Havelange mancha a sua biografia, perde grandeza, ao tentar chantagear o presidente da República e o Congresso nacional com uma atitude dessas. Ele pode até ter de direito o poder para retirar o Brasil da Copa, mas duvido que tenha poder de fato, político, para convencer a Fifa a tomar uma atitude dessas. João Havelange, como se diz na gíria, está "peitando" o presidente, colocando-o na parede. Resta saber se FHC está com o governo FHC. * Leio nas folhas, como diz o Cony, que Guga devolveu o ponto dado a ele incorretamente pelo árbitro da partida na final do torneio de Montreal (Canadá). Um gesto desses como o do Guga nos redime da mordida de Tyson e da baixaria do técnico do Vasco, Antonio Lopes, no jogo contra o São Paulo. Guga, não se esqueça, estava jogando uma importantíssima final de torneio que, vencido, traria mais alguns abençoados milhares de dólares para o seu cofrinho de garotão surfista catarinense. Se a tal da Gugamania pegar por atitudes como essa, que ela seja muitíssimo bem-vinda. Texto Anterior: Para Pelé, fiscalização assusta a CBF Próximo Texto: Talento Índice |
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