São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Medalhões da MPB cobram mais no Brasil

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Para subir em um palco no exterior, os músicos nacionais cobram mais de cinco vezes menos do que para apresentar o mesmo espetáculo no Brasil.
Se aqui os cachês para as estrelas de primeira grandeza da MPB soltarem a voz não são inferiores a R$ 100 mil, lá fora, elas até podem meter a mão no bolso para cantar.
Como os empresários dos artistas reconhecem, é tudo uma "questão de mercado". No exterior, os brasileiros não têm uma carreira estabelecida, nem vendem tantos discos.
A Folha apurou que Caetano Veloso, um dos mais bem pagos músicos brasileiros no exterior, não recebe nem R$ 20 mil na Europa. Nos EUA, seu cachê é ainda mais baixo, está chegando a R$ 15 mil. No Brasil, entretanto, um show fora de temporada rende mais de R$ 100 mil.
Artistas do mesmo porte, como Gilberto Gil, Djavan ou Chico Buarque, têm valor de mercado semelhante.
Alguns empresários dos artistas reconhecem que os cachês estão "superdimensionados".
É verdade, entretanto, que o cachê nunca entra limpo no bolso de um artista. Como todos os músicos e grupos mais importantes, ele é uma empresa -paga imposto, equipe e infra-estrutura.
Caso à parte
Um caso à parte é o do Paralamas do Sucesso. Durante o confisco da poupança, feita pelo presidente Fernando Collor, o grupo chegou a receber cachês mais altos na Argentina do que no Brasil. Mas foi por um breve período.
Hoje, no Brasil, entretanto, eles cobram, em média, entre R$ 30 mil e R$ 35 mil. "Em boa parte dos shows no exterior, a gente pagou para tocar", admite o vocalista do grupo, Herbert Vianna.
Na turnê feita no ano passado pela Europa não foi diferente. O grupo contou com uma ajuda da gravadora -prevista em contrato- para fazer a excursão.
Os cachês serviram apenas para pagar músicos que acompanham a banda e custos mínimos.
O objetivo é conquistar mercado -como fez o Skank, este ano, e Marisa Monte, no ano passado, em seus shows pela Europa.
Cachê fixo
Empresários procurados pela Folha explicam, contudo, que poucos artistas cobram um cachê fixo.
Cada vez que Carla Perez sobe em um palco remexendo os quadris, seu grupo É o Tchan recebe R$ 50 mil. É uma exceção.
Cachê tem variantes diversas. A principal delas é saber quem vai arcar com os custos. E nas principais casas das grandes capitais, como o Metropolitan (Rio) ou o Palace (São Paulo), o artista recebe um percentual da bilheteria.

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