São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Gabriel detona as mazelas sociais do país

AUGUSTO PINHEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Quebra-cabeça", novo CD de Gabriel, o Pensador e terceiro de sua carreira, é um petardo que expõe as mazelas sociais do Brasil. O rapper carioca, de 23 anos, detona com letras críticas, bons arranjos e muitos samplers.
A conscientização, típica do movimento hip hop, aparece em músicas sobre drogas, alcoolismo, saúde e desemprego. Mas também há celebração (da MPB), na faixa "Festa da Música". E muitos convidados, como Lulu Santos e Barão Vermelho.
O primeiro hit, "2345meia78", atormentou proprietários de telefones com o mesmo número: trotes constantes. Por telefone do Rio, Gabriel falou à Folha sobre trotes, o papel da música e maconha.
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Folha - Pessoas com o mesmo número de telefone de "2345meia78" estão recebendo trotes...
Gabriel - Fiquei chocado porque há gente com número parecido que também recebeu trote. Até dois dígitos diferentes. Isso mostra que a galera está ligando mesmo. É estranha essa reação. Não esperava tanto. Muitos são sacanagem, mas uns ligam por curiosidade.
Folha - Que recado você manda para quem está passando trote?
Gabriel - Procurem o caderninho com as garotas conhecidas e liguem para elas. Não percam tempo com esse número, pois não vão conseguir nada. O número também não tem nada a ver comigo.
Folha - Você passa trote?
Gabriel - Não, mas já passei quando era moleque. Acho que é algo normal da infância. Trote para quem já é mais crescidinho é mais legal entre os amigos.
Folha - Suas letras continuam bem críticas acerca da situação brasileira. Você acha que a sua música pode conscientizar o jovem?
Gabriel - A música mudou minha vida. E foram as letras que eu ouvia, do Bob Marley e dos rappers da época, como Public Enemy, que fizeram a minha cabeça, que me posicionei na adolescência em relação ao mundo. Eu me encontrei por meio da música que ouvia e passei a escrever. Acho que influencia, puxa sentimentos.
Folha - A faixa "Cachimbo da Paz" é a favor da legalização da maconha?
Gabriel - Não. Tentei evitar essa interpretação, nem usei o nome maconha. Acho que consegui o que queria: fazer uma letra que envolvia não só o barato que a maconha dá ou se é certo ou não proibir. Quis ir além disso, falar sobre a hipocrisia, outras drogas liberadas, como Hollywood, que citei brincando, que também fazem mal.

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