São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Presidente do Irã quer liberar partidos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O novo presidente do Irã, Mohammad Khatami, disse ontem, em sua primeira entrevista à TV desde sua posse, no início do mês, que estava determinado a cumprir suas promessas de reformas no plano interno do país.
"Tenho um pacto com o povo", disse Khatami, um clérigo moderado que conquistou amplo apoio nas eleições ao prometer alterações na rígida república islâmica.
Khatami derrotou, já no primeiro turno (realizado em maio), seu adversário direto, Ali Akbar Nateq-Nouri (conservador).
Suas primeiras medidas, afirmou, devem se concentrar na melhoria das condições de vida da população. "Temos de resolver os problemas econômicos sem colocar pressão sobre a população."
"Esperamos que o próximo Orçamento (a ser apresentado ao Parlamento em novembro) seja realista e incorpore a justiça social ao desenvolvimento", afirmou.
Na entrevista, Khatami apoiou a introdução de partidos políticos formais no país -eles foram abolidos em 1979 pela Revolução Islâmica- e uma imprensa livre.
"Para que o Estado conheça as necessidades da população precisamos de partidos políticos organizados, associações civis e uma imprensa livre e independente."
As intenções reformistas do recém-empossado presidente, que assumiu o cargo em 4 de agosto, devem encontrar resistência dentro da classe conservadora do Irã.
Os primeiros sinais desse anunciado embate estavam estampados ontem na imprensa iraniana.
Vários jornais previram que ao menos dois indicados ao gabinete dificilmente serão aprovados pelo Majlis (Parlamento), dominado pelos conservadores.
Anteontem, Khatami levou ao Congresso os 22 nomes que pretende ver como seus ministros.
O presidente deixou sob controle de aliados dos conservadores cargos relacionados com a política externa do Irã, defesa e inteligência. Os nomes controversos se concentraram nas pastas determinantes da política interna.
"Ataollah Mohajerani (indicado para a pasta da Cultura) não merece estar no gabinete", disse em editorial o jornal "Resalat".
Em 1990, Mohajerani foi duramente criticado por propor conversações diretas com os EUA.
"Ele não deve ser aprovado", disse um deputado não identificado ao "Tehran Times".
O indicado para o Ministério do Interior, Abdollah Nouri, também seria barrado pelos conservadores, disse a agência "Irna".
"Espero que todos os ministros sejam aprovados, mas eu respeito profundamente a autoridade do Majlis", afirmou Khatami.

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