São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997 |
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Diolinda busca na Europa apoio de entidades a Rainha
PAULO HENRIQUE BRAGA
Sua viagem está sendo patrocinada pela organização Christian Aid e pela Associação dos Amigos dos Sem-terra, um grupo britânico que apóia o MST. Diolinda afirmou que os sem-terra pretendem reunir pelo menos 30 mil pessoas no local do julgamento de Rainha, em estratégia semelhante à marcha do movimento a Brasília, que chegou à capital em abril. Ela espera contar com a presença de observadores de entidades internacionais. "O apoio aqui na Europa está sendo além do esperado", disse à Folha. Rainha foi condenado em primeiro julgamento a 26 anos e 6 meses de prisão pelo assassinato do fazendeiro José Machado Neto e do PM Sérgio Narciso, em Pedro Canário (ES). O segundo julgamento está marcado para o próximo dia 16 de setembro. Rainha nega o crime e afirma que estava em uma invasão no Ceará no dia das mortes. Segundo Diolinda, no julgamento "o que está em jogo não é só a pessoa do Rainha, mas a organização". Segundo ela, as lideranças do MST em 23 Estados estão "preparando a tática" que usarão no dia da decisão. Ela disse que o movimento pretende levar militantes de todo o país a Pedro Canário ou Vitória, dependendo de onde acontecer o julgamento. Os advogados de Rainha solicitaram a transferência do júri para a capital capixaba. Diolinda esteve na França, Holanda, Suíça e Alemanha. "Fiquei abismada com a Suíça. Não se vê mendigo, gente roubando, gente passando fome." Ontem à tarde, passeou pelo centro de Londres e visitou a principal atração turística da cidade, o Big Ben. Diolinda viaja com Adnor Bicalho, um dos fundadores do MST. Os dois ficam em Londres até o dia 26 e voltam ao Brasil. Diolinda e Bicalho estiveram com trabalhadores rurais nos países que visitaram. Para ela, comparativamente, os brasileiros estão mais bem organizados. A líder do MST participa amanhã do lançamento de um documento da Anistia Internacional sobre o caso de José Rainha: "Brasil - Acusações motivadas politicamente contra ativistas pró-reforma agrária". Uma cópia do documento será entregue a Diolinda por Pierre Sané, secretário-geral da organização. No primeiro julgamento, a Anistia Internacional creditou a condenação de Rainha a uma "motivação política clara", com o objetivo de intimidar os membros do MST. O grupo enviará um observador ao julgamento. A organização diz que, se Rainha for preso, ele será considerado "prisioneiro de consciência" e terá sua libertação "imediata e incondicional" pedida. Texto Anterior: As modificações no ITR Próximo Texto: Vicentinho é reeleito com poder limitado Índice |
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