São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997 |
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Polícia apreende armas com UDR e MST
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANDOVALINA; DA SUCURSAL DO RIO A Polícia Militar apreendeu ontem duas pistolas com fazendeiros e cerca de 150 facões, enxadas e foices que estavam em ônibus e caminhões de sem-terra, durante vistoria na fazenda São Domingos, em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo).A PM deslocou cerca de 150 homens e revistou todos os veículos que passaram pelas rodovias próximas à fazenda. O esquema de resistência montado pela UDR (União Democrática Ruralista) na São Domingos obrigou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) a formalizar, em assembléia dos sem-terra ontem, a decisão de não invadi-la. Quase todas as fazendas do Pontal estão sendo protegidas por homens armados, segundo o MST. Para dissuadir os sem-terra, a UDR preparou trincheiras na São Domingos e mobilizou homens encapuzados. Anteontem, um avião contratado pelos ruralistas fazia vôos rasantes sobre os acampamentos da região para monitorar os sem-terra. Segundo Walter Gomes da Silva, da coordenação estadual do MST, não há disposição para enfrentar homens armados: "Mortes não vão acontecer. A gente sabe recuar no momento certo". Silva afirmou que o MST não entrou na fazenda também porque o Incra anunciou, na sexta-feira, que ela será desapropriada. No Rio, João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, disse ontem que o movimento lançou o último aviso ao governo para cobrar a desapropriação de 80 mil hectares no Pontal. "É o último aviso para acelerar a desapropriação, senão vamos ocupar." Um incidente ocorreu após a assembléia promovida pela UDR para discutir as estratégias da entidade. Três homens ligados ao MST entraram na fazenda, em um carro equipado com radioamador, afirmando que haviam confundido o local da assembléia que o MST realizou em Taquaruçu. O fazendeiro Francisco Teles esmurrou o sem-terra Antonio Cardoso Sales, que se disse "salvo" pela presença da imprensa. O presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos, disse que Fernando Henrique Cardoso tem "orgasmo ideológico" ao anunciar desapropriações no Pontal. Santos criticou ainda o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), a quem chamou de "ministro comunista de FHC". "Quem engordou a cobra foi o presidente FHC. Quem vai ser picado não seremos só nós, mas também ele no ano das eleições", afirmou. Colaborou a Sucursal do Rio Texto Anterior: Sem-terra é baleado na cabeça no PR Próximo Texto: Falta de prazo frustra arrecadação do ITR Índice |
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