São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Rhodia prevê faturar 6% mais neste ano

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rhodia, maior indústria químico-farmacêutica da América do Sul, espera obter um aumento de 6% em seu faturamento este ano (US$ 1,277 bilhão, em 96). Isso é o resultado de um agressivo programa de investimentos de US$ 700 milhões, iniciado em 1994.
É o que disse José Carlos Grubisich, 40, presidente da Rhodia desde janeiro deste ano, em substituição a Edson Vaz Musa, que se aposentou depois de 14 anos no comando da maior empresa de capital francês no Brasil.
Grubisich disse em entrevista à Folha que, além dos investimentos na ampliação da capacidade de produção, a Rhodia aplica US$ 30 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
"Vemos a inovação como a base do aumento do faturamento e da rentabilidade", disse.
Este ano, a Rhodia já lançou, entre outros, novos produtos para o tratamento de câncer, da asma e de alergias, na área farmacêutica. E um produto para combate a pulgas e carrapatos em cães e gatos, que já teve vendas de US$ 10 milhões até agora.
A seguir, trechos da entrevista.
Folha - A que o sr. atribui o bom desempenho das vendas da Rhodia no primeiro semestre?
José Carlos Grubisich - O volume físico teve uma evolução extremamente positiva, com um aumento de 11% em comparação a igual período anterior. Fizemos um grande esforço de investimentos.
Folha - Qual foi o volume de investimentos?
Grubisich - Investimos US$ 570 milhões de 1994 a 1996 para adequar a eficiência operacional da Rhodia às exigências de um ambiente de negócios extremamente competitivo.
Folha - Qual é a prioridade, o mercado interno ou o externo?
Grubisich - A prioridade é atender ao mercado interno e ao Mercosul. Aliás, vemos o Mercosul como mercado interno. Também temos produtos para o mercado mundial. Mas o alvo imediato são os países do Mercosul e da América do Sul.
Folha - Onde foram feitos os investimentos?
Grubisich - Duplicamos a capacidade de produção de PTA (matéria-prima básica do poliéster), produzida pela nossa coligada Rhodia-ster. Duplicamos a capacidade de produção da resina PET (matéria-prima para embalagens plásticas de refrigerantes descartáveis), na nossa fábrica de Poços de Caldas (MG). Duplicamos a capacidade de produção de fibra de poliéster na fábrica de Pernambuco e fizemos novos laboratórios nas áreas farmacêutica e veterinária.
Folha - Como se dividem anualmente esses investimentos?
Grubisich - Em três anos, de 1994 a 1996, investimos US$ 570 milhões. E estamos investindo mais US$ 120 milhões este ano.
Folha - É uma volta aos níveis históricos de investimentos da Rhodia no Brasil?
Grubisich - O nível histórico da Rhodia foi de cerca de 7% a 8% do faturamento. Hoje, isso seria igual a cerca de US$ 85 milhões. Estamos acima desse nível. Mas vamos voltar a uma velocidade de cruzeiro.
Folha - Como está o comportamento dos preços?
Grubisich - Nossos preços caíram aproximadamente 9%, por causa da concorrência extremamente agressiva e de uma tendência negativa dos preços no mercado internacional. Por isso, o nosso faturamento vai crescer 6%, com um crescimento do volume físico das vendas de 12%.
Folha - O que o sr. chama de concorrência agressiva?
Grubisich - A concorrência predatória das importações. O que mais afeta nosso mercado é a entrada de produtos em quantidades maciças e a preços de dumping (lançamento de produtos pelo preço de custo, ou abaixo dele), sobretudo de fios têxteis da Coréia.
Isso mostra que o Brasil fez a abertura sem ter ao mesmo tempo mecanismos de antidumping, de proteção temporária e de estabelecimento de cotas, que são mecanismos que existem em todos os países de comércio liberal.
Folha - Como a Rhodia vê o desempenho da economia?
Grubisich - Vemos 97 com um crescimento moderado de 3% a 3,5% do PIB, abaixo da nossa previsão de 4% a 5%. Gostaríamos de ver o país crescendo a taxas superiores a 5%. Acreditamos que em 98, 99 e ano 2000 não haverá um avanço importante na taxa de crescimento. Ela vai ficar entre 4% e 5%, infelizmente.

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