São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Nem tudo são flores

CIDA SANTOS

O título mundial conquistado pela seleção feminina infanto-juvenil não significa que vai tudo bem no vôlei brasileiro.
O alerta é do técnico do time campeão, Wadson Lima. A preocupação é com o futuro: ele diz que não existe incentivo para a formação de atletas.
E no feminino, a situação é mais grave.
Um dos sinais dessa falta de trabalho de base já aparece na média de altura. Contrariando a tendência das novas gerações serem mais altas, a seleção infanto-juvenil é mais baixa do que a juvenil: média de 1,81 m contra 1,85 m. No masculino, acontece o contrário.
O certo é que com a entrada das empresas no vôlei, as principais preocupações passaram a ser os resultados a curto prazo e o consequente retorno financeiro. Com menos recursos, a maioria dos clubes, tradicionais redutos de formação de atletas, ficou à parte desse processo.
Uma das soluções, apontada por Wadson e já levantada por esta coluna, seria a criação de um campeonato brasileiro juvenil de clubes. Seria uma forma de incentivar os times a investir na formação de atletas e também de atrair pequenos e médios patrocinadores para esse projeto. Mais: haveria torneios para essa turma jogar, e evitaria a evasão precoce dessa garotada para o adulto.
Aliás, a profissionalização precoce também preocupa Wadson. Um exemplo é a seleção infanto-juvenil: todas já têm contratos assinados. O problema é que a preparação física e a pressão psicológica nos times adultos, bem mais fortes do que nas categorias de base, podem forçar demais as atletas e provocar lacunas na formação delas. A consequência pode ser um futuro com lesões.
Para não dizer que não falei das flores, vale lembrar que o vôlei brasileiro tem dois nomes certos: Érica, 1.80 m, a melhor jogadora do Mundial infanto-juvenil, e Raquel, atacante da seleção juvenil com 1,91 m.

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