São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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'Levei tiro no pescoço'

"Ando armado desde os 18. No lugar onde eu moro, o Capão Redondo, ou você atira, ou você leva. Perco pelo menos um chegado por semana, que morre por causa de alguma treta.
Eu mesmo já levei um tiro no pescoço. Quem deu foi um amigo meu porque ele ficou com ciúmes da namorada.
Comprei minha arma no mercado negro. Ás vezes, a polícia pára a gente e encontra a arma. Fica com ela e finge que não aconteceu nada. Aí a gente compra outra. É fácil, vende em qualquer lugar.
Tenho uma 357, de uso exclusivo do Exército, mas deixo em casa, só para me proteger de algum assalto. Acho melhor, porque na hora do nervoso, numa briga, por exemplo, você é capaz de fazer uma besteira.
Acho que campanha não vai resolver nada. O que tem de mudar é o sistema do país. O governo tem de acabar com a impunidade e combater a miséria."
O. M. S., 22 (estudante e motoboy)

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