São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Fronteiras fechadas isolam feira gaúcha

DA REPORTAGEM LOCAL

O fechamento das fronteiras gaúchas para gado de outros Estados, medida adotada para controle da febre aftosa, vai regionalizar ainda mais a Expointer, feira agropecuária que começa no próximo dia 29, em Esteio (RS).
A fazenda Angus Bela Vista, de Bofete (193 km a oeste de São Paulo), foi uma das que desistiram de levar gado à Expointer.
"Chegamos a inscrever 13 animais, mas as regras não foram muito claras e ficamos sabendo da exigência de quarentena depois do fechamento das inscrições, o que nos fez desistir", diz o fazendeiro Jovelino Mineiro, proprietário.
O criatório da Bela Vista foi considerado o melhor entre todos os das raças de corte que participaram da versão 96 da Expointer.
"Parece que os gaúchos tentam estabelecer uma reserva de mercado", diz Mineiro. Segundo ele, os organizadores fixaram ainda quotas de no máximo dez animais para a participação da Argentina e do Uruguai, o que contraria as regras do Mercosul.
Os organizadores da Expointer contestam. "Nenhuma quota foi fixada. Algumas associações de bovinos simplesmente orientaram sobre o número de animais que argentinos e uruguaios deveriam trazer", diz Martins.
Ele reconhece, porém, que despesas com a quarentena e para manter o animal na feira, além do fechamento das fronteiras, realmente devem atrapalhar a feira.
"O preço que o gaúcho está pagando para proteger o seu rebanho da aftosa é um pequeno esvaziamento da Expointer. Mas a medida é necessária", diz.
O enxugamento da pecuária no período pós-Plano Real também se reflete na Expointer.
"Não existe mais oba-oba. Para vender ou expor animais, o criador tem que se preocupar com a qualidade" diz Marcelo Silva, diretor da Trajano Silva, empresa que vai realizar 29 dos 51 leilões que acontecem durante a feira.
Os organizadores da Expointer esperam um faturamento próximo ao R$ 1,3 milhão apurado em 96.
O leiloeiro, no entanto, prevê preços médios nos leilões superiores aos de 96.
"Com uma oferta menor, a expectativa é de melhoria no padrão dos animais", explica Silva.
O número de animais inscritos para julgamentos caiu 6,8% em comparação ao de 96.
Segundo os organizadores, os bovinos de corte e os ovinos sofreram maior redução no número de participantes este ano.
"O gado de corte caiu de 1.284 cabeças para 990 cabeças e os ovinos de 851 animais para 689", diz.
Mas a Expointer continua sendo a grande vitrine do gado europeu puro selecionado no Brasil.
"A roseta de grande campeão em Esteio equivale a uma certificação do ISO 9000. A premiação é sinônimo de um criatório bem administrado", diz Martins.
Exceto o gado de maior população no Rio Grande do Sul, como o charolês e o aberdeen angus, a surpresa é a raça limousin.
No ano passado, os criadores da raça levaram 111 animais para Esteio. Agora, eles comparecem com 79 animais.
"Esse número, porém, não traduz a nossa capacidade. Se não houvesse o fechamento das fronteiras, levaríamos no mínimo 150 cabeças", afirma Pedro Luiz Alves Nunes, diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Limousin, sediada em Londrina (PR).

Onde saber mais - Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul, tel. (051) 233-1611, ramal 131.

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