São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Cresce número de mães adolescentes

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

As mães estão ficando mais jovens no Estado de São Paulo. Pesquisa mostra que, enquanto as mulheres à beira dos 30 anos estão cada vez mais evitando ficar grávidas, nas adolescentes, a maternidade está em alta.
O perfil da mãe paulista se aproxima do da mãe em Cuba, onde o crescimento também se concentra nas mulheres entre 15 e 24 anos. Mas se diferencia de países, como a França e a Itália, onde a elevação ocorre nas mulheres com idades de 25 a 34 anos.
A explicação para o resultado da pesquisa pode estar na análise do número de mulheres que usam métodos anticoncepcionais. A maioria das adolescentes (80,8%) não usa nada para evitar filhos. Já, na faixa de 20 a 29 anos, 44,2% não usam nenhum método.
Mesmo analisando os números de usuárias de anticoncepcionais com uma vida sexualmente ativa, o resultado também explica o crescimento de mães mais jovens. 40% das adolescentes que têm uma vida sexual não usam anticoncepcionais contra apenas 25% que não usam nenhum método para prevenir gravidez das mulheres que estão na faixa dos 20 aos 29 anos.
A demógrafa e uma das responsáveis pela pesquisa Lúcia Yazaki afirma que, se o número de mães adolescentes está crescendo, a razão não é desinformação.
Segundo ela, outra pesquisa da Fundação Seade mostrou que cerca de 95% das meninas entre 15 e 19 anos sabem da existência de algum tipo de método anticoncepcional. "Mas o problema é que há uma diferença entre saber o que é e saber usá-lo."
Outra explicação para a pesquisa, segundo Lúcia, é que hoje os jovens têm uma vida sexualmente mais antiga. "Eles começam mais cedo do que os adolescentes na década de 70", afirma.
A pesquisa também mostrou tendências óbvias, como a queda da fecundidade em mulheres economicamente ativas. No grupo de 20 a 24 anos, as mulheres inativas têm três mais filhos do que as que estão no mercado de trabalho.
Na faixa dos 25 aos 29 anos, mostra a pesquisa da Fundação Seade (com base no Censo de 1991), 50% das mulheres ativas não têm filhos. Para as que não trabalham, esse percentual cai para 17%.
A tendência é a mesma quando se analisa a fecundidade das paulistas por nível de instrução. Em 1991, as mulheres com menos de quatro anos de escolaridade têm, em média, 1,7 vezes menos filhos do que aquelas que ficaram 11 ou mais anos na escola.

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