São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Skunk Anansie; Nas; "Soul Assassins"; Mary J Blige; LeAnn Rimes; Tanita Tikaram

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Skunk Anansie
À primeira vista, a banda britânica Skunk Anansie parece um conglomerado punk valorizado pela ousadia de imprimir detalhes recolhidos da música eletrônica/dançante em sua barulheira. Mas este "Stoosh" (Virgin) mostra que, no balanço das horas, a vocalista negra/careca/careteira Skin não é assim tão diferente de sua correspondente loura Gwen Stefani, do No Doubt, a mais desavergonhadamente comercial das bandas de rock. O que há aqui é muita gritaria, letras ocas e braveza premeditada. Não cola.
(PAS)

Nas
O rapper Nas lança "It Was Written" (Columbia/Sony). O aviso aos pais norte-americanos sobre o conteúdo explícito das letras está lá, mas o rap de Nas é mais boa-vida/viajandão (com sampler de Soul 2 Soul e tudo), inofensivo como um copo de café com açúcar. A imprudência é inventar uma versão rap para "Sweet Dreams", megahit de 83 dos Eurythmics. A faixa tanto pode dar a sensação de "que legal" quanto simbolizar o nível de docilidade e domesticação que o rap vem atingindo pouco a pouco.
(PAS)

"Soul Assassins"
"The Muggs Presents... Soul Assassins Chapter 1" (Columbia/Sony) é disco-epopéia em que o DJ e produtor Muggs, que já trabalhou com Cypress Hill, Ice Cube e outros, chama artistas já bastante conhecidos e possíveis revelações para interpretar suas composições, sempre em linha cool de rap. Os destaques ficam por conta de Dr. Dre & B Real, em "Puppet Master" (com sample de Isaac Hayes), KRS-One, em "Move Ahead", e o "easy listening" proposital de RZA & GZA/Genius em "Third World".
(PAS)

Mary J Blige
A cantora nova-iorquina Mary J Blige é desses fenômenos de paradas "Billboard" que não se explicam assim tão facilmente. Diva de voz black power, o que ela tem a oferecer em "Share My World" (Universal) é uma coleção monótona de canções de rhythm'n'blues. Passeia, lânguida, por composições próprias, participações dos rappers R. Kelly e Nas ou temas do onipresente Babyface, sempre com uniformidade espantosa -prova de que só uma voz poderosa não leva uma cantora ao paraíso.
(PAS)

LeAnn Rimes
A norte-americana LeAnn Rimes, por sua vez, é fenômeno "Billboard" fácil de explicar. "Blue" (Continental), estourado nas paradas americanas, é coleção country bem ao gosto do povão lá de cima. Acontece que, caipira até a raiz alourada dos cabelos, LeAnn tem de fato um vozeirão capaz de proezas -"My Baby" leva modulações vocais típicas dos sertanejos de lá (k.d. lang já fez muito disso) a extremos impressionantes. O triste é que a produção sintetizada derruba qualquer nota mais elaborada.
(PAS)

Tanita Tikaram
Com cinco discos lançados, a cantora Tanita Tikaram ganha seu primeiro "Best of" (Continental), apanhado de sucessos gravados entre 88 e 96. Puxa a chegada do CD ao Brasil menos o talento da moça, mais a intervenção de Zélia Duncan, que transformou em praga o hit "Cathedral". A compilação mostra uma cantora de voz precisa e marcante, mas que oscila entre estilos vários -country, pop dançante, romantismo açucarado-, sem nunca demonstrar grande convicção em nenhum deles.
(PAS)

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